Economia

Brasil e América Latina são ingênuos sobre China

Além do risco de desaquecimento, diretor da iniciativa latino americana na Brookings Institution chama a atenção para o risco político do poderio do gigante asiático

Na opinião do economista, a América Latina como um todo não está preparada para uma eventual freada no ímpeto chinês (Divulgação/World Economix Forum/Exame)

Na opinião do economista, a América Latina como um todo não está preparada para uma eventual freada no ímpeto chinês (Divulgação/World Economix Forum/Exame)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2011 às 19h57.

Rio - O Brasil e a América Latina têm sido muito ingênuos a respeito da China. Esse é o pensamento de Maurício Cárdenas, diretor da iniciativa latino americana na Brookings Institution e um dos debatedores do painel “Riscos mundiais com impacto na América Latina”, no Fórum Econômico Mundial, realizado nestas quinta e sexta-feira no Rio de Janeiro.

Cárdenas acredita que há muitos riscos implícitos na aproximação demasiada do Brasil à China. “Não podemos mais pensar que a China vai continuar a crescer 10% ao ano e a demandar commodities para sempre”, recomenda. Em sua visão, já há sinais de desaceleração e de investimento excessivo no país asiático. “Quando há excessos, há ajustes. E ajustes são custosos. A China pode passar por essa situação. E se isso acontecer, o mundo vai desacelerar e o Brasil precisa estar preparado para isso”, prevê.

Na opinião do economista, a América Latina como um todo não está preparada para uma eventual freada no ímpeto chinês. “Nós não falamos mais em poupar. Só falamos em consumir, emprestar, expandir o crédito. Poupar é o certo a fazer neste momento”, avalia.

O especialista também chama a atenção para o risco político do poderio do gigante asiático. Em sua opinião, a relação da China com os países da América Latina está deixando de ser meramente comercial. “Já há sinais de que eles querem exercer alguma influência na região. É uma tendência, temos que estar atentos”, alerta.

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