Economia

Brasil é 100º entre 113 países no ranking da produção, afirma Iedi

Na comparação do primeiro semestre de 2022 com o primeiro semestre de 2021, o desempenho da indústria brasileira foi pior do que o da Argentina (5,9%) e da Rússia (0,5%)

No primeiro semestre deste ano, a indústria de transformação mundial cresceu 0,1%, enquanto o desempenho do parque fabril brasileiro teve uma perda de 2,0%, em relação ao mesmo período do ano anterior (FG Trade/Getty Images)

No primeiro semestre deste ano, a indústria de transformação mundial cresceu 0,1%, enquanto o desempenho do parque fabril brasileiro teve uma perda de 2,0%, em relação ao mesmo período do ano anterior (FG Trade/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de outubro de 2022 às 09h41.

No primeiro semestre deste ano, a indústria de transformação mundial cresceu 0,1%, enquanto o desempenho do parque fabril brasileiro teve uma perda de 2,0%, em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados são do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), com base em informações da Unido, a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial.

Como resultado, o Brasil ocupou a 100.ª colocação em um ranking de produção de 113 países com informações identificadas pela Unido. Na comparação do primeiro semestre de 2022 com o primeiro semestre de 2021, o desempenho da indústria brasileira foi pior do que o da Argentina (5,9%) e da Rússia (0,5%). Os líderes do ranking foram Filipinas (33,7%), Trinidad e Tobago (25,0%), Quirguistão (24,0%), Arábia Saudita (21,3%) e Mauritânia (20 4%).

Na direção oposta, o Brasil só se saiu melhor que Japão (-2,1%), Luxemburgo (-2,1%), Camarões (-2,3%), Sri Lanka (-2,9%), Malta (-3,2%), Mongólia (-4,2%), Brunei (-5,1%), Macau (-5,3%), Nova Zelândia (-5,7%), Bielorrússia (-6,1%), Argélia (-6,4%), Geórgia (-10,0%) e Irlanda (-10,1%).

Num momento em que os impactos da pandemia de covid-19 parecem estar enfim se dissipando, o Brasil se vê às voltas com perda de competitividade, derivada de entraves estruturais, falta de modernização tecnológica e encarecimento de custos de produção, por exemplo. Além disso, a demanda doméstica vem prejudicada pela inflação resiliente, que corrói o poder de compra das famílias, e a migração de recursos que passam do consumo de bens industriais para os serviços. A avaliação é do autor do estudo, Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi.

Perspectiva de melhora

Cagnin afirmou que, apesar dos números levantados, há perspectiva de melhora para a indústria do Brasil: "As sinalizações que a gente tem da produção industrial é que não está deslanchando o processo de crescimento, mas, aparentemente, a fase de quedas sucessivas ficou para trás".

Entre os elementos que podem ajudar a produção brasileira no segundo semestre de 2022, estão normalização dos gargalos de ofertas de insumos, trégua recente da inflação via preços de combustíveis e medidas de estímulo do governo, como a distribuição de recursos extras às famílias mais vulneráveis, taxistas e caminhoneiros. Por outro lado, as taxas de juros elevadas, os sinais de desaceleração da economia global e os desafios fiscais a serem equacionados no País ainda impedem uma projeção otimista para 2023.

A indústria de transformação mundial registrou desaceleração no ritmo de crescimento, passando de uma alta de 3,7% no primeiro trimestre de 2022 para uma elevação de 3,1% no segundo trimestre ambos em comparação ao mesmo período do ano anterior. A indústria brasileira melhorou seu desempenho, saindo de uma queda de 4,5% no primeiro trimestre para um avanço de 0,6% no segundo trimestre.

"Não se verificou perda de ritmo, mas os dados da Unido deixam claro que, mesmo assim, estamos muito aquém do desempenho industrial mundial", frisou o estudo apresentado pelo Iedi.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraIndústria

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo