Economia

Brasil deve crescer 2% e impulsionar América Latina, diz Cepal

Avaliação da Cepal é que a economia brasileira está melhorando, depois da severa crise dos últimos dois anos

Economia brasileira deve avançar 0,9% em 2017, pondo fim aos dois anos de recessão que marcaram 2015 e 2016 (Mario Tama/Getty Images)

Economia brasileira deve avançar 0,9% em 2017, pondo fim aos dois anos de recessão que marcaram 2015 e 2016 (Mario Tama/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de dezembro de 2017 às 17h27.

São Paulo - O Brasil deve crescer 2% em 2018 e vai ajudar a melhorar o Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina, prevê a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) em relatório de previsões para a região.

Este ano, a economia brasileira deve avançar 0,9%, pondo fim aos dois anos de recessão que marcaram 2015 e 2016.

"O resultado regional em 2018 será explicado em parte pelo maior dinamismo que apresentará o crescimento econômico do Brasil", destaca o relatório da Cepal, que prevê alta de 2,2% para o PIB da América Latina no ano que vem, acima do patamar de 1,3% previsto para 2017.

A avaliação da Cepal é que a economia brasileira está melhorando, depois da severa crise dos últimos dois anos, mas em 2017 os indicadores de demanda e produção "ainda não mostram um quadro de recuperação sustentável".

O consumo, ressalta o documento, foi beneficiado por medidas pontuais, como os saques das contas inativas do FGTS. No começo do ano, a visão da Cepal era de que o PIB brasileiro não fosse crescer mais de 0,4% em 2017.

Apesar do esforço do governo de Michel Temer para ajustar as contas públicas, a Cepal ressalta que o déficit público segue elevado e a dívida do governo mantém sua trajetória de crescimento.

Dados divulgados nesta quinta-feira, 28, pelo Banco Central mostram que a relação dívida bruta/Produto Interno Bruto (PIB), um dos principais indicadores de solvência de um país, ficou em 74,4% em novembro ante 69,9% do final de 2016.

"A agenda fiscal segue formando parte principal do enfoque da política econômica", ressalta o relatório da Cepal.

Em meio à tentativa de melhorar as contas públicas, a instituição ressalta que o Brasil não tem condições de usar a política fiscal para estimular a economia. "A estabilização da dívida requer uma recuperação do crescimento", ressalta o documento.

A queda das taxas de juros, que este mês recuaram para a mínima histórica, deve ajudar a impulsionar o crédito e o investimento fixo, de acordo com o relatório.

Se os preços das commodities continuarem favoráveis e não ocorrerem movimentos especulativos nos fluxos internacionais de capital, por conta de tensões políticas, o PIB do Brasil deve crescer mais em 2018, ressalta a Cepal.

Além do Brasil, maior economia da região, outros países da América Latina devem ter PIB maior em 2018, segundo as previsões da Cepal: o Chile deve avançar 2,8% ante 1,5% em 2017; a Colômbia deve ter expansão de 2,6% ante 1,8% e o Peru pode crescer 3,5% ante 2,5%.

O Panamá é a economia da região que deve ter maior crescimento, de 5,5%, seguida da República Dominicana (5,1%) e Nicarágua (5,0%).

Já a Venezuela deve encolher 5,5%, menos que os 9,5% de 2017. A expansão das principais economias da América Latina deve continuar sendo puxada pela demanda doméstica.

Ao mesmo tempo, a expectativa é que aumente a contribuição do investimento para a expansão do PIB da região.

Para a Cepal, o ambiente externo deve seguir favorável em 2018. O PIB mundial deve crescer em torno de 3%, mesmo patamar de 2017, mas as economias emergentes devem mostrar maior dinamismo.

"No plano monetário será mantida uma situação de liquidez ampla e baixas taxas de juros internacionais."

Riscos

Apesar do contexto internacional mais favorável, a Cepal alerta que "persistem alguns desafios e riscos latentes que podem afetar a consolidação do crescimento no médio prazo".

Entre estes riscos, o documento cita as incertezas originadas pela normalização das condições monetárias pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão.

Além disso, a reforma tributária de Donald Trump pode "trazer consigo uma maior volatilidade financeira, produto do aumento dos fluxos de capitais em direção" aos EUA.

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