Economia

Brasil deixa medidas anticíclicas para trás, diz Levy

O ministro da Fazenda disse que o Brasil está deixando as medidas anticíclicas para trás e que a política monetária vai se tornar mais restritiva

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy: Levy disse estar confiante na economia brasileira, apesar de compreender os temores dos investidores (Ueslei Marcelino/Reuters)

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy: Levy disse estar confiante na economia brasileira, apesar de compreender os temores dos investidores (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2015 às 16h32.

NOVA YORK - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta quarta-feira que o Brasil está deixando as medidas anticíclicas para trás e que a política monetária vai se tornar mais restritiva "mais cedo ou mais tarde".

Em apresentação realizada em Nova York, Levy reafirmou o compromisso com o rigor fiscal e com a meta de superávit primário equivalente a 1,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

"Estamos apenas deixando de lado estas medidas anticíclicas, e isso vai nos colocar em situação melhor", disse ele em sua primeira apresentação a investidores nos Estados Unidos.

Levy disse estar confiante na economia brasileira, apesar de compreender os temores dos investidores.

"Não estou fazendo de conta que vocês não deveriam estar preocupados com a situação fiscal", disse. "Estou confiante que nós iremos colocar a casa em ordem e voltaremos ao caminho do crescimento." O déficit fiscal do Brasil aumentou, se tornando um dos maiores do mundo, aumentando o risco de que o país possa perder sua classificação de grau de investimento por agências de rating.

Uma série de desonerações tributárias e gastos custaram ao governo federal 104 bilhões de reais em receita no ano passado, ou cerca de 2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), disse o ministro.

Levy já aumentou impostos e limitou os gastos públicos para cobrir o déficit orçamentário total, que inclui o custo do serviço da dívida e dobrou no ano passado para 6,7 por cento do PIB, um dos maiores entre as grandes economias, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Levy terá desafios relevantes para melhorar as contas públicas do Brasil. Um deles será convencer o Congresso Nacional a aprovar uma controversa série de mudanças nas regras de acesso a benefícios trabalhistas, como seguro-desemprego e abono salarial, com as quais o governo espera economizar cerca de 18 bilhões de reais por ano.

Aos investidores, o ministro comentou estar confiante de que o governo terá o apoio adequado do Congresso para aprovação de medidas necessárias para realizar o ajuste fiscal.

Ele ressaltou que a relação entre dívida bruta e PIB do Brasil subiu recentemente, mas salientou que parte disso se refere a acumulação de ativos e que esse aumento não foi incomum quando comparado a outros países.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraJoaquim LevyMinistério da Fazenda

Mais de Economia

Alckmin entra hoje no terceiro dia de conversas com setores afetados por tarifa de Trump

Índice Big Mac: real está 28,4% subvalorizado e tarifas de Trump já pressionam consumidores globais

Senado aprova em 1º turno projeto que tira precatórios do teto do arcabouço fiscal

Moraes mantém decreto do IOF do governo Lula, mas revoga cobrança de operações de risco sacado