Economia

Brasil defenderá reformas no FMI, vendo Brics como alternativa

Uma grande redistribuição das quotas do FMI para corrigir uma sub-representação das grandes economias emergentes tem sido uma exigência de décadas do Brasil

Bloomberg
Bloomberg

Agência de notícias

Publicado em 4 de outubro de 2023 às 17h53.

O Brasil chegará à reunião do Fundo Monetário Internacional no Marrocos na próxima semana com uma mensagem antiga, mas cada vez mais urgente: as instituições multilaterais precisam dar aos países em desenvolvimento uma voz maior nas suas decisões políticas se quiserem permanecer relevantes na nova ordem global.

Uma grande redistribuição das quotas do FMI para corrigir uma sub-representação das grandes economias emergentes tem sido uma exigência de décadas do Brasil e de outros importantes países em desenvolvimento, mas o preço da inação está aumentando, de acordo com Tatiana Rosito, secretária de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda.

“O mundo em desenvolvimento não ficou inerte enquanto as reformas estavam paradas”, disse ela à Bloomberg News em entrevista.

“A criação do Novo Banco de Desenvolvimento pelos Brics e do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura mostra que os países emergentes estão buscando formas de financiar seu próprio desenvolvimento.”

Presidência do G20 deve dar impulso

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usará o poder da sua presidência do G20 para dar um impulso mais forte à reforma do FMI e do Banco Mundial, tal como apelou por mudanças no Conselho de Segurança das Nações Unidas no mês passado. Caberá ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, levar a mensagem aos credores multilaterais.

Embora seja improvável que a 16ª revisão das quotas do Fundo, que deve ser concluída até dezembro, provoque um realinhamento das ações com direito a voto na instituição, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse numa entrevista ao Financial Times que o Fundo precisa mudar para refletir como a economia mundial está mudando. Ela alertou para uma possível devastação se a instituição não conseguir levar confiança a outros países.

Atualmente, os EUA detêm a maior parcela das cotas do FMI, cerca de 17%. A China, a segunda maior economia do mundo, tem apenas 6%. O Brasil tem pouco mais de 2%.

“Nossa posição é que o aumento das quotas deve ser acompanhado de um realinhamento em favor dos países emergentes, para corrigir sua sub-representação”, disse Rosito.

“Também concordamos com os EUA que é importante aumentar as quotas para substituir os acordos bilaterais existentes.”

Lula, acrescentou, quer fortalecer os bancos multilaterais de desenvolvimento para financiar projetos ambientais, bem como aqueles que combatem a desigualdade econômica e social. Isso inclui permitir que essas instituições aumentem a sua capacidade de empréstimo através da alavancagem do seu capital, o que também exigiria o apoio de agências de classificação de risco.

Lula apelou repetidamente a mudanças na governança global em fóruns internacionais como a reunião do G20 na Índia e a Assembleia Geral da ONU. Ao mesmo tempo, reconheceu como essas mudanças têm sido difíceis.

“Tentamos propor mudanças ao FMI desde a nossa primeira reunião, mas as mudanças foram extremamente pequenas e não avançam”, disse ele a jornalistas na Índia, ao assumir a presidência do G20.

Acompanhe tudo sobre:BricsMinistério da FazendaFMI

Mais de Economia

Morre Ibrahim Eris, um dos idealizadores do Plano Collor, aos 80 anos

Febraban: para 72% da população, país está melhor ou igual a 2023

Petróleo lidera pauta de exportação do país no 3º trimestre

Brasil impulsiona corporate venturing para atrair investimentos e fortalecer startups