Empregos: em seu discurso, Temer afirmou ter certeza que a inflação fechará o ano abaixo do centro da meta de 4,5% (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas/Divulgação)
Reuters
Publicado em 16 de março de 2017 às 16h53.
Última atualização em 16 de março de 2017 às 17h34.
Brasília - O Brasil abriu 35.612 vagas formais de emprego em fevereiro, com forte ajuda do setor de serviços, primeiro dado positivo mensal desde março de 2015 (+19.282 vagas) e surpreendentemente divulgado pelo próprio presidente Michel Temer numa tentativa de ressaltar que a economia brasileira dá sinais mais consistentes de recuperação.
O dado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado neste quinta-feira foi anunciado em coletiva de imprensa por Temer e pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, no Palácio do Planalto, em meio ao momento político sensível após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito de seis ministros do governo.
A estratégia de turbinar a visibilidade ao Caged também ocorre após protestos contra a reforma da Previdência e trabalhista em várias cidades do país na véspera, levando milhares de pessoas às ruas. Das últimas vezes, a divulgação do Caged foi apenas virtual e feita mais perto do fim dos meses.
O desempenho do Caged de fevereiro foi fortemente puxado pelo dado positivo do setor de serviços, que vinha no vermelho desde setembro de 2015 pela série sem ajustes, ao registrar abertura líquida de 50.613 postos com carteira assinada.
No total, cinco dos oito setores mostraram expansão na geração de empregos, como administração pública (+8.280 postos), agricultura (+6.201) e indústria da transformação (+3.949).
Em contrapartida, o comércio fechou 21.194 vagas no mês passado e a construção civil manteve o desempenho negativo que vem apresentando há mais de dois anos, com perda líquida de 12.857 postos em fevereiro.
Apesar do dado geral de fevereiro ter interrompido 22 meses consecutivos de fechamentos de postos, o desempenho no acumulado em 12 meses permanece bastante negativo, com perda líquida de 1,149 milhão de vagas.
Segundo dados mais recentes divulgados pelo IBGE, a taxa de desemprego no Brasil subiu a 12,6 por cento no trimestre encerrado em janeiro em razão do aumento da procura após dois anos de profunda recessão, com quase 13 milhões de pessoas sem emprego no país.
Questionado sobre as perspectivas dos próximos meses, o ministro do Trabalho disse esperar dados positivos também para março e abril, e pontuou que o varejo deve ser afetado daqui para frente pela liberação do saque das contas inativas do FGTS, o que acabará beneficiando o comércio.
"Acreditamos sim que é uma retomada, uma inversão da curva e podemos comemorar", afirmou Nogueira.