Economia

Brasil cresce menos que países com ratings semelhantes

Mudança na perspectiva de nota refletiu a busca pelo crescimento a qualquer custo que deteriorou os números do Brasil de maneira forte e rápida


	Mudança na perspectiva de nota refletiu a busca pelo crescimento a qualquer custo que deteriorou os números do Brasil de maneira forte e rápida
 (Scott Eells/Bloomberg)

Mudança na perspectiva de nota refletiu a busca pelo crescimento a qualquer custo que deteriorou os números do Brasil de maneira forte e rápida (Scott Eells/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2015 às 11h16.

São Paulo - O Brasil cresce menos que países com desenvolvimento e ratings semelhantes, na visão de Rafael Guedes, diretor da agência de classificação de risco Fitch Ratings.

"A questão do Brasil não é cíclica, mas estrutural. Há um problema estrutural muito sério no País", avaliou ele, em evento da Amcham Brasil, na manhã desta quarta-feira, 27.

Sem citar as expectativas para o rating do Brasil, Guedes lembrou que a mudança feita pela Fitch na perspectiva da nota do País, para negativa em abril último, refletiu a busca pelo crescimento a qualquer custo que deteriorou os números do Brasil de maneira forte e rápida.

Segundo ele, essa alteração considerou o desequilíbrio macroeconômico local, as expectativas de crescimento para o País de cerca de 2% nos próximos anos e ainda o cenário político.

"A popularidade da (presidente) Dilma Roussef está muito, muito baixa. Há escândalos acontecendo, na Petrobras - entramos em construtoras e vamos entrar na Eletrobras, construções elétricas - e isso tem impactado a confiança do investidor, empresário, consumidor; o aumento do desemprego, menor crescimento do crédito... Isso tudo levando a questionamentos para onde vai a dinâmica do Brasil", comentou o diretor da Fitch.

Lava Jato

De acordo com Guedes, o pior momento da Operação Lava Jato, que apura denúncias de corrupção em contratos envolvendo a Petrobras, pode ainda não ter ocorrido, com a migração dos escândalos da construção para o setor elétrico e para a Eletrobras.

"Seria ousado dizer que o pior momento da Lava Jato já passou. Com a migração dos escândalos para o setor de energia elétrica, não dá para saber onde a Lava Jato vai terminar", disse. Segundo ele, o "cenário político do Brasil é conturbado, mas estável".

Segundo ele, a Lava Jato impacta a confiança do consumidor, do investidor e ainda tem elevado os índices de desemprego no Brasil. Isso porque, conforme Guedes, além de responsável por projetos, as construtoras são os maiores investidores do País.

Em relação aos esforços do governo para ajustar as contas, o diretor da Fitch disse que as medidas recentes anunciadas vão na direção de estabilizar a deterioração do crescimento econômico do País.

Segundo ele, o pior indicador do Brasil é o seu endividamento. Do lado positivo, ele citou o setor bancário como uma força para o rating local.

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