Economia

Brasil adere a fórum de discussão da Opep sobre transição energética

Decisão foi anunciada pelo ministro Alexandre Silveira; adesão não significa "compromisso com cortes de produção ou regulação de preços"

Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 11h59.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 13h11.

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O Brasil aderiu à carta de cooperação entre os países produtores de petróleo. O anúncio foi feito nesta terça-feira, 18, pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, após reunião do reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Inicialmente, a reportagem dizia que o país havia aderido à Opep+, grupo que reúne países aliados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mas a informação foi corrigida.

Criada em 1960, a Opep reúne 13 grandes produtores de petróleo, entre eles Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. Já a Opep+ inclui nações que não fazem parte oficialmente do cartel, mas colaboram em políticas internacionais de petróleo e participam da mediação entre membros e não membros.

Chamada de Carta de Cooperação entre Países Produtores de Petróleo (CoC), a pasta informou que, diferentemente da Opep e da Opep+, a carta "não tem compromisso com cortes de produção ou regulação de preços, consistindo em um fórum de discussão sobre temas relacionados à transição energética e avanços tecnológicos no setor".

"Quando se trata da Carta de Cooperação entre Países Produtores de Petróleo (CoC), o Brasil mostra a crescente relevância em conjunto ao mercado de petróleo e gás, além de influenciar positivamente a agenda global de transição energética. O MME pode promover discussões sobre o uso de tecnologias limpas e alternativas para o financiamento de projetos de descarbonização", informa o ministério, em nota.

Busca por maior influência no setor

Segundo Silveira, a adesão não significa que o Brasil passará a seguir integralmente as diretrizes da Opep, mas permitirá maior participação nas discussões sobre estratégias de produção e comercialização.

“É apenas uma carta e um fórum de discussão. Não devemos nos envergonhar de sermos produtores de petróleo”, afirmou o ministro.

Em nota oficial, o ministério apontou que a "Carta de Cooperação não prevê a participação dos países em decisões que visem o corte de produção de petróleo".

"A Carta também não limita ou afeta o direito do Brasil à soberania sobre a exploração e gestão de seus recursos naturais. Nesse contexto, o país poderá continuar desenvolvendo sua política energética de acordo com seus próprios interesses", diz o comunicado.

O governo também anunciou o início do processo de adesão do Brasil à Agência Internacional de Energia (EIA, em inglês) e à Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, em inglês), retomando negociações que haviam sido interrompidas.

Debate sobre Margem Equatorial

Silveira, assim como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defenderam recentemente a exploração da Margem Equatorial. A ideia tem resistência por parte da titular do Meio Ambiente, Marina Silva e do Ibama. O impasse divide o governo às vésperas da COP-30, conferência do clima que será realizada em Belém, em novembro.

A Margem Equatorial, que se estende por mais de 2,2 mil km entre o Rio Grande do Norte e o Amapá, pode conter até 30 bilhões de barris de petróleo, segundo estimativas. A área é considerada a nova fronteira da produção de óleo e gás no Brasil, especialmente após descobertas na Guiana e no Suriname.

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