Economia

Brasil busca inclusão de mulheres no comércio exterior para fortalecer economia

Apenas 14% das empresas exportadoras tinham maioria feminina entre os sócios, apontam dados do governo federal

Ana Paula Repezza, diretora de negócios da Apex (Divulgação)

Ana Paula Repezza, diretora de negócios da Apex (Divulgação)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 30 de dezembro de 2024 às 14h55.

A inclusão de empreendedoras e de empresas lideradas por mulheres no mercado de exportação é fundamental para fortalecer a economia brasileira, e representa uma resposta do governo a uma “demanda reprimida” em um país onde as mulheres representam mais da metade dos habitantes.

De acordo com um relatório do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em 2023, apenas 14% das empresas exportadoras tinham maioria feminina entre os sócios, número que a diretora de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Ana Paula Repezza, considerou “muito baixo” em entrevista à Agência EFE.

O estudo também mostrou que as empresas cujos sócios são em sua maior parte mulheres exportam produtos com tarifas internacionais superiores, em média, àquelas observadas para empresas com composição societária majoritariamente masculina.

A alíquota média é de 6,4% sobre as empresas de mulheres e de 5,1% sobre as empresas de homens, o que indica que oportunidades de ganhos por meio da integração internacional são maiores para as mulheres.

“Todas as empresas que começam a exportar geram mais empregos, pagam melhores salários e se tornam mais resilientes devido à diversificação de seus mercados. Mas, quando as mulheres conseguem aumentar sua renda, elas tendem a investir mais em seus negócios, suas famílias e suas comunidades”, acrescentou Repezza.

Ciclos virtuosos e sustentáveis

De acordo com ela, essa tendência comportamental também gera um impacto econômico e social de médio e longo prazo, criando melhores oportunidades de emprego e acesso à renda para as gerações futuras.

“Essa é uma equação muito poderosa que dá origem a ciclos virtuosos em nível empresarial, comunitário e nacional e, se houver mais empresas exportadoras, a economia do país se fortalecerá”, argumentou.

Repezza também enfatizou que investir na inclusão de gênero é um passo importante para um futuro mais sustentável, já que as mulheres empresárias têm uma visão de negócios que vai além do benefício econômico de curto prazo.

“Todas as empresas lideradas por mulheres com as quais trabalhamos na ApexBrasil levam em consideração práticas sustentáveis. É uma preocupação inata para as empreendedoras”, disse Repezza.

Mudança de realidade

Para acelerar essas mudanças e dar início a uma nova realidade, a ApexBrasil lançou em 2023 o programa Mulheres e Negócios Internacionais (MNI), que prevê ações exclusivas e também a adoção de diretrizes inclusivas em todas as ações realizadas pela agência.

Entre junho de 2023 e junho de 2024, o MNI impactou mais de 1.500 empresas, em sua maioria de pequeno e médio porte, já que cerca de 40% das PMEs brasileiras são lideradas por mulheres.

Além das dificuldades com crédito, acesso a competências e informações, segundo a ApexBrasil, muitas empreendedoras enfrentam barreiras socioemocionais ao negociar com parceiros internacionais.

“Por isso, nossas ações não visam apenas facilitar as questões técnicas, por meio de treinamentos e rodadas de negócios, mas também desenvolver redes de apoio para superar essas barreiras”, explicou Repezza.

Para a diretora da ApexBrasil, o programa deu visibilidade a essas empresas lideradas por mulheres, com destaque para os setores de alimentação, moda e beleza e também de jogos eletrônicos, já que, atualmente, mais da metade dos desenvolvedores de jogos no país são mulheres.

“A mulher empreendedora é uma guerreira”, e tem entre suas principais características o “desejo de ser bem-sucedida”, destacou.

No entanto, para que as mulheres consigam exportar, é necessário criar uma rede e, por isso, a MNI conta com mais de 75 parceiros institucionais públicos e privados no Brasil e no exterior.

Principais mercados

Além da Europa e dos Estados Unidos, mercados onde o valor agregado dos produtos de empresas lideradas por mulheres é maior, Repezza reconheceu os esforços dos vizinhos Chile e Colômbia para a inclusão de gênero nos negócios internacionais.

“O Brasil assinou um acordo comercial com o Chile em 2022 que inclui um capítulo dedicado a favorecer o comércio entre países com empresas lideradas por mulheres”, lembrou ela.

Repezza também destacou que, embora a inclusão de gênero apareça nas agendas de “todos os países”, o Brasil está entre as nações com os conjuntos de políticas públicas mais interessantes, especialmente desde que o progressista Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência em 2023.

“Lugar de mulher é onde ela quiser, no mundo todo”, concluiu.

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