Economia

Brasil avalia sanções econômicas contra o Paraguai

Nesta segunda, o Mercosul decidiu pela suspensão do país até que seja restaurada a "normalidade democrática"

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2012 às 22h41.

Brasília - Até agora políticas, as sanções contra o Paraguai devem se tornar econômicas em breve. O Brasil avalia que medidas poderão ser adotadas para mostrar ao vizinho que o País fala sério mas, ao mesmo tempo, não prejudique a população paraguaia. Na reunião do Mercosul, marcada para o final dessa semana em Mendoza, os três países que sobraram no grupo - além do Brasil, Argentina e Uruguai - deverão avaliar a possibilidade de suspender o Paraguai também da zona tarifária única.

Nesta segunda, o Mercosul decidiu pela suspensão do país até que seja restaurada a "normalidade democrática", o que possivelmente só acontecerá depois das eleições, em abril de 2013. A suspensão do mercado comum, no entanto, é uma decisão à parte, que deverá ser tomada pelos presidentes na reunião dessa semana. A intenção não seria apenas punir o país por ter descumprido o Tratado de Ushuaia, que trata da cláusula democrática dentro do Mercosul, mas colocar em prática um proteção interna. Acreditando-se sem responsabilidades com o restante do grupo, o Paraguai poderia, por exemplo, baixar sua tarifa externa, hoje comum com os demais países, e inundar os mercados vizinhos com produtos baratos usando a tarifa comum interna.

O assunto ainda está apenas na fase de análises pelos governos e não foi conversado pelos presidentes. A avaliação no Brasil, no entanto, é que mesmo sendo teoricamente possível separar o afastamento político do Paraguai da questão econômica, há uma tendência de "apertar mais" o novo governo paraguaio para que fique claro que haverá consequências pelo rompimento da cláusula democrática. Há a preocupação de mostrar que as declarações do Mercosul não são apenas um "esperneio" sem resultados para que ações como impeachment a jato de Fernando Lugo não sejam banalizadas.


Por conta própria, o governo brasileiro também deve tomar medidas contra o país, mas nada tão drástico como fechar a ponte da Amizade ou suspender a venda de produtos estratégicos para o país vizinho, como fez a Venezuela ao cortar o fornecimento de petróleo aos paraguaios. No caso do Brasil, 50% da gasolina consumida no Paraguai é da Petrobras, assim como 100% do querosene de aviação. Existe a possibilidade, no entanto, de não serem concedidos novos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e sejam suspensos temporariamente outros mecanismo de cooperação.

O próprio governo brasileiro está fazendo um levantamento das possibilidades, que deverá ser analisado pela presidente Dilma Rousseff. Caberá à presidente decidir o quão longe deverá ir.

A decisão política foi tomada. O Brasil não pretende receber o novo presidente paraguaio, Federico Franco, para deixar clara a condenação à forma como aconteceu o impeachment de Lugo. Franco não foi convidado para a reunião de Mendoza, mas seu novo chanceler, José Félix Fernández, poderá ir à Argentina. A decisão comum, no entanto, é de que ele não será recebido por nenhum dos três presidentes.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaFederico FrancoFernando LugoMercosulParaguaiPolíticos

Mais de Economia

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi

Senado aprova 'Acredita', com crédito para CadÚnico e Desenrola para MEIs