Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (Brendan Smialowski/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2011 às 22h54.
Brasília - O Brasil condicionou nesta quinta-feira o desembolso de novos recursos ao FMI para ajudar os países em crise ao avanço das iniciativas europeias para resolver a crise da dívida, após uma reunião da presidente Dilma Rousseff com a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde.
Lagarde fez questão de elogiar a economia brasileira, que segunda ela é "sólida" e "pode resistir" à crise econômica na Europa, dos Estados Unidos e de outros países do mundo, disse ela em Brasília.
O Brasil "está em uma situação econômica muito favorável devido a políticas macroeconômicas muito sólidas e a políticas monetárias sólidas", disse Lagarde em uma entrevista coletiva à imprensa realizada após uma reunião com a presidente, Dilma Rousseff, e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
"O Brasil está mais imune e melhor protegido do que outros países dos efeitos da contaminação, das consequências da crise do euro", acrescentou.
A chefe do FMI destacou a estratégia macroeconômica do país baseada em três pilares: metas de inflação, taxa de câmbio flutuante e responsabilidade fiscal.
"Graças a esse coquetel, a economia está sólida e pode resistir"; o Brasil "está protegido pela força de seu mercado interno e por suas boas políticas macroecônomicas", considerou.
Em entrevista coletiva, o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, disse que reiterou à Lagarde a disposição do Brasil em colaborar com um aporte adicional de recursos, mas não estipulou uma quantia definida.
"Os Brics concordaram em ajudar, mas é preciso que o FMI implante de fato as reformas de cotas que já foram aceitas em 2009 e em 2010", disse.
Mantega pediu ainda a colaboração de outros países, como os Estados Unidos, e afirmou que os próprios países europeus pretendem colaborar com mais recursos para o Fundo.
O Brasil se converteu em credor do FMI pela primeira vez em 2009, em meio a uma crise econômica internacional, quando lhe emprestou 10 bilhões de dólares provenientes de suas reservas em troca de mais direitos de voto na instituição.
O governo de Rousseff descartou há um mês uma ajuda direta aos países europeus em crise e ofereceu, em seu lugar, uma assistência através do FMI.
A proposta consiste em aumentar sua contribuição em troca de mais poder de decisão dentro do organismo, em uma estratégia a princípio coordenada com as economias emergentes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
O país sul-americano, com reservas internacionais de 360 bilhões de dólares, espera ficar entre os dez mais influentes do Fundo.
Por outro lado, o ministro da Fazenda brasileira insistiu em seu pedido aos países europeus para fazer um maior esforço para resolver seus problemas de dívida.