Economia

Boom de destilarias artesanais vai mexer com seu uísque

Entrar no mercado já como uísque ou esperar para tentar ser bourbon? Esse é o dilema dos novos produtores

Barris de bourbon na destilaria Woodford em Versailles, no Kentucky (Ken Thomas/Wikimedia Commons/) (Ken Thomas/Wikimedia Commons)

Barris de bourbon na destilaria Woodford em Versailles, no Kentucky (Ken Thomas/Wikimedia Commons/) (Ken Thomas/Wikimedia Commons)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de novembro de 2016 às 13h48.

Última atualização em 1 de novembro de 2016 às 13h59.

São Paulo - Os Estados Unidos estão vivendo um boom de destilarias artesanais.

O número foi multiplicado em mais de 6 vezes desde 2010 - de 204 na época para mais de 1.300 atualmente.

Supondo que o crescimento repita o resultado de 20% visto em 2016 até agora, o número pode chegar a 2.800 destilarias artesanais em 2010, quase 14 vezes mais do que em 2010.

O tamanho desse mercado chegou em 2015 a US$ 2,4 bilhões em vendas, um crescimento acima de 27% desde 2010 tanto em volume quanto em valor agregado.

Os dados são de uma pesquisa divulgada recentemente pelas associações The American Craft Spirits Association (ASCA) e International Wine and Spirits Research (IWSR) em parceria com a empresa Park Street e outras entidade setoriais.

Um dos principais destaques é o mercado de bebidas escuras, ou mais especificamente de uísque e bourbon.

Um dos primeiros sinais foi quando a Suntory, fabricante de bebidas líder no Japão, anunciou em 2014 a compra da Beam Inc, dona das marcas de uísque Jim Beam e Laphroaig, por US$ 16 bilhões.

"Acho que estamos no quinto ano de um superciclo de 25 a 40 anos que verá um crescimento contínuo da demanda do consumidor por uísque e destilados, parecido com o que vimos com as cervejarias artesanais nas últimas duas décadas", diz David Bolton, presidente executivo da Spirited Funds.

Em outubro, ele lançou um fundo com performance vinculada a grandes companhias da área.

Mas os novos produtores estarão em um dilema a partir de agora, destaca uma nota do RBC Capital Markets, braço de investimentos do Royal Bank of Canada, o maior banco canadense.

Todo bourbon é uísque, mas nem todo uísque é bourbon - para isso, precisa ser envelhecida por no mínimo 2 anos e seguir outros padrões rigorosos definidos por leis e tratados comerciais.

Bourbon de verdade, só se for americano, e o Kentucky é responsável por 95% da oferta mundial.

Então quem começou a produzir agora tem a opção de já entrar no mercado imediatamente como uísque ou seguir as exgiências, esperar alguns anos e lançar seu produto como bourbon.

"A segunda abordagem pode levar a uma fluxo maior de oferta nos próximos anos, forçando os preços gerais da categoria para baixo - o exato oposto do valor de escassez que está conduzindo os preços do bourbon para cima atualmente", diz o texto.

Essas flutuações são comuns em produtos cuja produção demora vários anos, especialmente agrícolas, mas a preocupação de bolha pode ser exagerada nesse caso.

Afinal, essas novas destilarias artesanais tem uma capacidade de produção ainda muito tímida diante de grandes atores do mercado, como a Jack Daniel's.

No fundo, tudo vai depender do comportamento da demanda internacional e da expectativa de enriquecimento dos consumidores chineses e indianos, as maiores promessas do mercado.

A Euromonitor estima que no período entre 2015 e 2030, a renda mediana disponível na China cresça 89% em termos reais e alcance US$ 19.709 anuais por domicílio.

Na Índia, a consultoria estima que o número de domicílios de classe média na Índia passe dos atuais 74 milhões para 90 milhões em 2030.

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