Economia

Bomba-relógio, Orçamento de 2019 chega ao Congresso

Temer decidiu manter reajustes para os servidores públicos do Executivo em 2019 e ainda conceder os aumentos aos ministros do STF e ao Judiciário

STF: o plenário do Supremo aprovou reajuste de 16,38% dos salários dos ministros da Corte; aumento gera efeito cascata no Orçamento do próximo ano / (Adriano Machado/Reuters) (Adriano Machado/Reuters)

STF: o plenário do Supremo aprovou reajuste de 16,38% dos salários dos ministros da Corte; aumento gera efeito cascata no Orçamento do próximo ano / (Adriano Machado/Reuters) (Adriano Machado/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2018 às 06h39.

Última atualização em 31 de agosto de 2018 às 06h57.

O ministério do Planejamento envia nesta sexta-feira o Orçamento Federal de 2019 para aprovação do Congresso. Com a decisão do presidente Michel Temer de manter os reajustes para os servidores públicos do Executivo em 2019 e ainda conceder os aumentos aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Judiciário, o documento passa a ser uma bomba-relógio para o próximo presidente

Sem o adiamento do reajuste dos servidores para 2020, que representaria uma economia de 6,9 bilhões de reais aos cofres públicos e era considerada essencial pela equipe econômica para reduzir despesas obrigatórias no Orçamento do ano que vem, o governo que assumir após as eleições já chega enforcado pelos gastos atuais. Mais cedo esta semana, Temer decidiu acatar também a proposta de acordo do STF para o reajuste de 16,38% dos salários do Judiciário. O presidente concordou em conceder o reajuste em troca do fim do auxílio-moradia para a magistratura federal — benefício mensal de 4.700 reais para os juízes. Com o acordo, os ministros do Supremo garantiram aumento salarial de 33.700 para 39.200 — aprovado por eles mesmos.

Segundo Temer afirmou em entrevista ao Estadão, com a troca pelo auxílio moradia a conta ficaria elas por elas, mas levantamento do Congresso aponta para um efeito cascata sobre as contas do governo federal, estados e municípios na casa dos 4 bilhões de reais a mais em 2019, já que o salário dos ministros representa o teto do funcionalismo e balizaria mudanças para os demais servidores federais.

Os governos têm aumentado no decorrer dos anos a despesa federal primária, que inclui os gastos com previdência e pessoal. Segundo apontou Miriam Leitão, no Globo, em 1997 essa despesa era de 14%. Em 2002 estava em 15,9%. Em 2008 foi de 16,2%, subiu para 17,3% em 2009 e teve nova alta para 18,1% em 2010. Em 2015 chegou a 19,6%. Dados do governo mostram que só no ano passado os gastos com pagamento de pessoal chegaram a 22% dos gastos primários.

Sem reforma da Previdência e com a mudança demográfica acelerada que o Brasil está vivendo, o aumento dos gastos fica inviável. Como o aumento nos salários do Supremo pode aumentar o teto de rendimento dos próprios congressistas, o Orçamento bombástico não deve encontrar grandes resistências no parlamento. A conta ficará para o próximo governo. 

Acompanhe tudo sobre:CongressoExame HojeMichel TemerOrçamento federal

Mais de Economia

Plano de Transformação Ecológica deve elevar o PIB em 0,4 ponto percentual até 2030, estima Fazenda

Governo propõe ao Congresso mudança em estatais que pode abrir espaço no limite de gastos

Governo propõe ao Congresso mudança em estatais que pode abrir espaço no limite de gastos