Economia

Bolsonaro se reúne com presidente chinês, e Guedes fala em livre comércio

Reunião do Brics — grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — acontece nesta semana em Brasília

Jair Bolsonaro e Xi Jinping: líder chinês chegou ao Brasil na manhã desta quarta-feira (13) (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro e Xi Jinping: líder chinês chegou ao Brasil na manhã desta quarta-feira (13) (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

AB

Agência Brasil

Publicado em 13 de novembro de 2019 às 11h56.

Última atualização em 13 de novembro de 2019 às 15h34.

São Paulo — O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta quarta-feira (13), o presidente da República Popular da China, Xi Jinping, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. O líder chinês chegou às 11h10 ao prédio onde estão previstas a assinatura de atos e uma declaração conjunta à imprensa.

O encontro entre os dois chefes de Estado ocorre menos de um mês depois de o presidente Jair Bolsonaro visitar a China. Na ocasião, foram assinados acordos e memorandos de entendimento em política, ciência e tecnologia e educação, economia e comércio, energia e agricultura. Agora, os dois países querem aprofundar esse intercâmbio, a confiança política e ampliar a cooperação em diversas áreas.

A bilateral entre os dois chefes de Estado acontece no âmbito da 11ª Reunião de Cúpula do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A programação do evento começa nesta tarde com o encerramento do Fórum Empresarial do Brics. Antes, Bolsonaro também se encontra, no Palácio do Planalto, com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

À noite, de volta a Itamaraty, o governo brasileiro oferecerá um jantar em homenagem aos líderes do bloco, e amanhã (14), também no Ministério das Relações Exteriores, acontecem as sessões plenárias e o almoço de encerramento da cúpula.

Livre comércio

Enquanto o presidente Bolsonaro recebia o líder chinês, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira que o Brasil está conversando com a China sobre a possibilidade de uma área de livre comércio no âmbito de esforços que têm sido feitos pelo governo para integrar o país às cadeias globais de valor.

"Agora estamos conversando com a China sobre a possibilidade de considerarmos uma free trade area (área de livre comércio), ao mesmo tempo em que falamos em entrar na OCDE", disse ele, listando as ações que estão em curso após o Mercosul ter fechado acordo com a União Europeia.

Em seminário sobre a relação do Brasil com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics, o ministro frisou que a decisão de abrir o Brasil está consolidada no governo Jair Bolsonaro e é urgente.

"Perdemos tempo demais, temos pressa", disse o ministro.

Questionado sobre o possível acordo com a China e sobre um prazo viável para sua conclusão, o ministro não deu mais informações a jornalistas, se limitando a reiterar que o Brasil precisa olhar para o crescimento asiático em sua estratégia comercial.

"O que nós estamos falando é o seguinte: desde o início nós estamos procurando níveis de integração maior", afirmou.

Durante sua fala inicial no seminário, o ministro disse, em relação ao comércio com a China, que apesar de o montante negociado passar hoje dos 100 bilhões de dólares, ele particularmente não se incomodaria se a balança com o gigante asiático passasse do superávit ao equilíbrio, "com as importações duplicando ou triplicando".

"O que queremos é mais integração ainda", pontuou.

Quanto à Índia, Guedes avaliou que há um grande atraso em relação ao potencial de comércio.

"O maior upside de integração de comércio agora é com a própria Índia porque o comércio é muito baixo", disse.

Guedes também sublinhou que ao Brasil não interessam guerras comerciais, tensões e incertezas.

"Ao contrário, vamos dançar com todo mundo", afirmou.

O ministro destacou que, para além das trocas comerciais, o Brasil também quer mais investimentos estrangeiros no país, citando, por exemplo, a carteira do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

Sobre a atuação do NDB, Guedes avaliou que o banco do Brics poderá financiar projetos de infraestrutura, citando portos, rodovias e ferrovias.

"Por exemplo: como escoar toda essa produção do Centro-Oeste brasileiro através de investimentos em ferrovias, para a Calha Norte, para subir, e isso tudo chegar à Ásia em menos tempo e mais barato. Ao mesmo tempo, como cortar através do Peru uma Transpacífica para o Brasil também escoar a produção do Centro-Oeste", disse. "Tudo isso são possibilidades de financiamento do NDB."

À Reuters, membros da comitiva do NDB afirmaram que o banco já aprovou empréstimos que somam 1,4 bilhão de dólares ao país até agora. A meta para 2020 é de mais 2 bilhões de dólares em financiamentos, levando o total a 3,4 bilhões de dólares.

Cúpula

Presidida pelo Brasil, a reunião do Brics tem como lema Crescimento Econômico para um Futuro Inovador. Segundo o Itamaraty, serão discutidos, prioritariamente, temas relacionados à ciência, tecnologia e inovação, economia digital, saúde e combate à corrupção e ao terrorismo. Esta é a segunda vez que Brasília sedia a conferência - a primeira vez foi em 2010. Em 2014, o Brasil também organizou a cúpula, que aconteceu em Fortaleza.

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