Economia

Bolsonaro e Guedes falam em criar "Peso Real", moeda comum com a Argentina

"É o primeiro passo para um sonho de uma moeda única", disse o presidente ao deixar o hotel em Buenos Aires, citando o euro como exemplo

Notas de 100 pesos argentinos são mostradas em uma fotografia tirada em Buenos Aires, na Argentina (Diego Giudice/Bloomberg/Bloomberg)

Notas de 100 pesos argentinos são mostradas em uma fotografia tirada em Buenos Aires, na Argentina (Diego Giudice/Bloomberg/Bloomberg)

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EFE

Publicado em 7 de junho de 2019 às 06h27.

Última atualização em 7 de junho de 2019 às 19h07.

Buenos Aires — O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quinta-feira (06) que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deu "o primeiro passo para um sonho de uma moeda única na região do Mercosul, o peso real", e um porta-voz do Ministério das Finanças da Argentina confirmou negociações nesse sentido.

A iniciativa, da qual poucos detalhes foram revelados e é apresentada como um projeto de "muito a longo prazo", foi conhecida no mesmo dia em que Bolsonaro realizou a sua primeira visita de Estado à Argentina desde que chegou ao poder, em janeiro. Ele se reuniu com o mandatário argentino Mauricio Macri, e se encontrou com empresários.

Foi neste último compromisso que, segundo veículos de imprensa argentinos, Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, se referiram à negociação para criar uma espécie de "peso real" e um banco central supranacional.

"É algo muito a longo prazo. A moeda comum pode ser um projeto de longo prazo, mas requer uma convergência macroeconômica prévia", disse à Efe as fontes argentinas, confirmando que Paulo Guedes e o ministro da Fazenda da Argentina, Nicolás Dujovne, avançaram nas conversas e voltarão a tratar o tema na próxima cúpula do G20, em Osaka (Japão), no final deste mês.

"É o primeiro passo para um sonho de uma moeda única. Como aconteceu o euro lá atrás, pode acontecer o peso real aqui", disse Bolsonaro ao deixar o hotel onde estava hospedado em Buenos Aires. O presidente brasileiro volta nesta manhã para o Brasil.

"Meu forte não é economia, mas acreditamos no feeling, na bagagem, no conhecimento e no patriotismo do Paulo Guedes, ministro da Economia, nessa questão também", afirmou.

Questionado sobre a possibilidade de o anúncio do projeto ser uma manobra eleitoral do governo de Mauricio Macri, Bolsonaro mudou de assunto e voltou a falar que ninguém quer que a América do Sul "flerte com o comunismo, o socialismo". "Infelizmente isso aconteceu na nossa querida Venezuela", disse.

Tanto o peso argentino, que perdeu metade do valor em relação ao dólar só no ano passado, quanto o real são moedas com volatilidade em países emergentes e com histórico de alta inflação, problema atualmente mais controlado no Brasil do que no vizinho.

A ideia de adotar uma moeda comum já surgiu em outros momentos da relação bilateral argentino-brasileira, embora não tenha seguido aiante.

Durante todo o dia, Macri e Bolsonaro, assim como outros membros de seus governos, apoiaram fortemente a necessidade de impulsionar o Mercosul.

"O Mercosul requer eficiência no comércio entre os membros, mas também que seja uma plataforma de abertura e de eficiência para o resto do mundo, como se vê em negociações estratégicas que estão perto de concluir, como a com a União Europeia", disse o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

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