Bolsonaro: presidente afirmou que o grupo do empresariado foi ao STF levar as "aflições" do setor (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de maio de 2020 às 13h24.
Última atualização em 7 de maio de 2020 às 18h08.
Enquanto o país bate recordes diários de mortes por coronavírus e estados temem a superlotação do sistema de saúde, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou ter preocupação com o "colapso da economia". "Há dois meses eu venho falando que a economia não pode parar porque a economia também é vida", disse.
Ele também afirmou que não há mais espaço para postergar a reabertura da economia. "A indústria, a atividade comercial está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Não há mais espaço para postergar", afirmou Bolsona
A declaração foi feita durante reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, na sede da Corte. Bolsonaro levou empresários que estiveram na manhã no Palácio do Planalto para pedir a flexibilização das medidas de isolamento.
Durante o encontro no Planalto, o presidente assinou decreto incluindo entre as áreas essenciais o setor de construção civil e afirmou que outros virão.
Representantes da indústria e o ministro da Economia, Paulo Guedes, então foram ao Supremo para falar da situação do setor industrial diante da crise. "Estamos com empresários que representam mais de 30 milhões de empregos no País", disse Bolsonaro, destacando que não adianta ficar em casa e a economia ser "esmagada".
Ele destacou que o posicionamento da indústria é que "abertura gradual e responsável tem que começar o mais rápido possível". Se isso não acontecer, o presidente afirmou que "fica impossível (o País) voltar a ser o que era em janeiro do corrente ano".
O ministro Paulo Guedes afirmou que segundo empresários, em 30 dias pode começar a faltar comida e produtos na prateleiras. "Está tudo ainda organizado. Só que eles (empresários) estão dizendo o seguinte: há perigo de começar a desorganização", disse a jornalistas.
Segundo Bolsonaro, o grupo do empresariado foi ao STF levar as "aflições" do setor. O presidente defendeu que o combate à covid-19 e a manutenção dos empregos são um desafio de todos os Poderes.
Alguns dias após participar de ato antidemocrático contra o STF e o Congresso Nacional, Bolsonaro falou em união para evitar uma crise econômica no País e agradeceu pela acolhida de Toffoli no início da tarde desta quinta-feira, 7.
"A nossa união, a coragem que nós temos para enfrentar esse problema é que pode evitar que o País mergulhe em uma crise econômica. Economia é vida. E um país onde a economia não anda, a expectativa de vida vai lá para baixo", afirmou Bolsonaro. "Então, a razão da vinda dos empresários é isso, todos nós no mesmo propósito e ideal... Preocupados com a vida, sim, mas a questão do emprego e da economia, isso também é vida", emendou.
O presidente disse, ainda, que teme que a economia brasileira fique como a da Venezuela. "Quando Guedes fala da Venezuela, é em referência à economia venezuelana, porque chega um ponto que fica muito difícil recuperar", disse o presidente.
Bolsonaro também voltou a criticar as ações de governadores, que em grande parte defendem e mantém o isolamento social como medida de combate da covid-19, ao dizer que foram "um pouco longe demais nas medidas restritivas". "Alguns estados foram um pouco longe nas medidas restritivas e as consequências estão batendo na porta de todos."
Bolsonaro sentou entre o presidente do Supremo Tribunal Federal e Guedes. Também estavam presentes ministros como Walter Braga Netto (Casa Civil) e Fernando Azevedo (Defesa). Um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), também estava entre os presentes.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, afirmou na reunião que a retomada da economia ante a pandemia de coronavírus precisa ser coordenada com Estados e municípios, que decretaram medidas de isolamento social que paralisaram a atividade econômica.
Toffoli defendeu que seja feito um planejamento para a reabertura do comércio e de outras atividades que foram fechadas para tentar conter o avanço da pandemia, e ressaltou que as pessoas já estão querendo ir para as ruas.
A fala do presidente do Supremo sucedeu declaração de Bolsonaro em que o presidente reclamou do poder dado pelo STF aos Estados e municípios para definir as medidas de isolamento social e disse que as consequências econômicas estão "batendo à porta".