Economia

Bolsonaro acredita em reforma até junho, "sem muita desidratação"

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também defendeu a PEC e questionou espaço para investimento no Brasil se não forem "organizadas as despesas"

Bolsonaro: presidente está com comitiva em Israel (Debbie Hill/Reuters)

Bolsonaro: presidente está com comitiva em Israel (Debbie Hill/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de abril de 2019 às 18h30.

Jerusalém - O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta segunda-feira, 1, acreditar que a reforma da Previdência possa ser aprovada no primeiro semestre deste ano pelo Congresso e que espera que a proposta apreciada pelo Legislativo não tire pontos essenciais de seu conteúdo. "Não temos outra alternativa. Chegou a esse ponto: a Previdência está deficitária realmente e temos que fazer essa reforma. Espero que o Congresso a aprove sem que seja muito desidratada", disse a jornalistas após chegar ao hotel em que está hospedado em Jerusalém, em Israel, após sair para uma agenda privada. Ele argumentou que as contas do País estão desequilibradas e que a reforma é necessária para rearranjar o orçamento.

Bolsonaro ressaltou que a decisão está com o Parlamento. "No que depender de mim, farei gestões. Eu conheço mais da metade dos parlamentares, fiquei 28 anos lá dentro e sei como aquilo funciona. Posso dar sugestões, mas não quero me meter porque agora estou em outra Casa", disse. Ele informou que na quinta-feira já há uma reunião prevista com alguns líderes partidários para tratar do tema.

Até lá, segundo o presidente, seu trabalho ficará focado no assunto. "A próxima viagem minha deve ser, se ocorrer, depois do primeiro turno da Previdência", disse ele, salientando que a proposta apresentada pelo Executivo não é dele ou do governo, mas do Brasil.

Sobre a diferença no tratamento da reforma para os militares, usada por alguns como um obstáculo de aprovação no Congresso, Bolsonaro expressou: "Nada a ver". Ele argumentou que, apesar de ser suspeito para falar por ser capitão do Exercito, trata-se de uma vida completamente diferente. "Militar trabalha 24 horas, tem situações extraordinárias da tropa, GLO (Garantia da Lei e da Ordem), interferências, nossas missões, somos sempre os primeiros a sermos chamados. É uma vida complicada", enumerou.

Ele disse também que, em 2000, foi o único segmento a ter mudanças de aposentadoria. "Se juntarem as duas (propostas, a de 2000 e a de agora), a nossa foi muito mais profunda do que as demais", comparou.

O presidente acredita que se o Brasil mostrar que está fazendo dever de casa, com a aprovação pelo Congresso, as contas nacionais, que estão desequilibradas, seriam reequilibrarmos e o investimento caminharia para o Brasil.

Rodrigo Maia

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu a investidores a aprovação da reforma da Previdência para "organizar o lado da despesa" do governo.

"Nada disso vai acontecer se não organizarmos a despesa do Estado. Se não organizarmos o lado da despesa, como o Brasil vai ter espaço para investimento?", disse o parlamentar à plateia.

A fala foi feita na sexta edição da conferência Brazil Macro, realizada pelo Goldman Sachs no Hotel Unique, em São Paulo. O evento é fechado à imprensa, mas Maia publicou pequenos trechos da fala no perfil oficial dele no Instagram.

Na fala, o presidente da Câmara defendeu também que o trabalho dos parlamentares "precisa ser readaptado à nova realidade do Brasil de hoje".

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