Banco Central: Considerando apenas as 31 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2023 seguiu em 2,84% (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Agência de notícias
Publicado em 27 de novembro de 2023 às 09h27.
Última atualização em 27 de novembro de 2023 às 09h30.
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 27, pelo Banco Central trouxe leve redução na projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A mediana para a alta da atividade em 2023 passou de 2,85% para 2,84%, contra 2,89% há um mês. Considerando apenas as 31 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2023 seguiu em 2,84%.
Para 2024, o Relatório Focus trouxe estabilidade na estimativa de crescimento do PIB, que continuou em 1,50% na semana, mesmo patamar de um mês atrás. Considerando as 30 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2024 também foi mantida em 1,50%.
Em relação a 2025, a mediana seguiu em 1,93%, ante 1,90% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2026, que se manteve em 2,00%, mesmo nível de um mês atrás.
O Ministério da Fazenda revisou na semana passada sua projeção para o crescimento do PIB deste ano de 3,2% para 3,0%. Já no Banco Central, a estimativa atual é de 2,9%, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro.
O Boletim Focus trouxe aumento na projeção para o endividamento público neste ano na edição publicada nesta segunda-feira. A estimativa para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2023 passou de 60,83% para 61,00%, ante 60,60% de um mês atrás.
Para o déficit primário em relação ao PIB neste ano, a mediana continuou em 1,10%, mesmo nível de um mês antes. O Ministério da Fazenda buscava entregar um resultado deficitário de 1,0% do PIB em 2023, mas o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, admitiu na semana passada que o déficit primário "provável" deste ano deve ficar em torno de 1,32% do PIB.
Já a estimativa do Focus para o déficit nominal este ano seguiu em 7,60% do PIB, ante 7,50% de um mês atrás. O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Para o próximo ano, a estimativa para a dívida líquida passou de 63,88% para 63,90% do PIB, ante 63,68% de quatro semanas antes. Já o déficit primário esperado para 2024 continuou em 0,80% do PIB. O déficit nominal projetado na Focus oscilou de 6,81% para 6,80% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 0,78% e 6,82%, respectivamente.
No fim de agosto, o governo apresentou o projeto de lei orçamentária de 2024 ao Congresso. A peça prevê superávit de R$ 2,8 bilhões em 2024 (0% do PIB), mas depende da arrecadação de R$ 168,5 bilhões em medidas extras, entregues ao Parlamento junto com o Orçamento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou que o governo "dificilmente chegará à meta zero", até porque o chefe do Executivo "não quer fazer cortes em investimentos e obras". Desde então, aumentou o debate sobre uma possível alteração na meta fiscal do próximo ano.
A expectativa para a inflação deste ano voltou a cair no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 27. A projeção para 2023 passou de 4,55% para 4,53%.[\grifar] Um mês antes, a mediana era de 4 63%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção seguiu em 3,91%. Há um mês, era de 3,90%.
Considerando as 51 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 passou de 4,52% para 4,54%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de 3,91% para 3,92% considerando 50 atualizações no período.
Para 2025, que tem peso crescente nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50% pela 18ª semana consecutiva - o que evidencia a reancoragem apenas parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2026, a estimativa também seguiu em 3 50%, pela 21ª semana seguida.
As estimativas do Boletim Focus continuam acima do centro das metas para a inflação. Para 2023, a mediana está abaixo do teto da meta (4,75%), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo e também superam o alvo central de 3,0%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) do começo do mês, o BC divulgou projeção de 3,6% para o IPCA de 2024, acima dos 3,5% da reunião anterior. Para 2025, subiu de 3,1% para 3,2% no modelo. Para 2023, a projeção foi atualizada de 5,0% para 4,7%. O colegiado reduziu a Selic pela terceira vez consecutiva em 0,50 pp, para 12,25% ao ano.
Os economistas do mercado financeiro alteraram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses de 3,93% para 3,91%, ante 3,92% há um mês.
No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário.
No dia 20 de outubro, Haddad confirmou que não há previsão para publicar o decreto que regulamenta a meta de inflação contínua. "Até aqui, não (há previsão de publicar o decreto). Consultas estão sendo feitas pela Secretaria de Política Econômica da Fazenda. Mas nós temos tempo, e provavelmente até o final do ano nós vamos ter notícias", disse o ministro, em São Paulo.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, disse ao Estadão/Broadcast que a SPE já terminou a pesquisa sobre as experiências internacionais, mas que ainda não houve apresentação para o restante da equipe econômica nem para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável por editar o decreto.
Na avaliação do diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, uma maior autonomia requer maior prestação de contas, mas que a autoridade monetária não antecipa nenhuma mudança na política monetária em função da introdução da meta contínua.
Os economistas mantiveram parte das expectativas de inflação de curto prazo no Boletim Focus. A mediana para novembro continuou em 0,28%. Há um mês, a expectativa era de 0,30%.
Para o IPCA de dezembro, a estimativa mudou de 0,48% para 0,46%, de 0,50% um mês antes. Já para janeiro de 2024, a previsão para o indicador seguiu em 0,42%, mesmo nível de quatro semanas atrás.
O cenário esperado para o câmbio brasileiro neste e no próximo ano não sofreu alteração no Relatório de Mercado Focus desta semana. A estimativa para o câmbio no fim de 2023 seguiu em R$ 5 00, ante os mesmos R$ 5,00 de um mês antes [\grifar]. Para 2024, a mediana continuou em R$ 5,05 também igual a quatro semanas antes. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado
O mercado manteve a mediana para a expectativa de Selic terminal no atual ciclo de flexibilização, em 9,25% ao fim de 2024. Há um mês, a estimativa já era de 9,25%. [\grifar] No começo de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu os juros básicos da economia pela terceira vez consecutiva em 0,50 ponto porcentual (pp), para 12,25% ao ano.
Já a estimativa para taxa Selic no fim de 2023 foi mantida em 11 75% ao ano pela 16ª semana consecutiva no Boletim Focus. A expectativa segue a sinalização do Copom de que o ritmo de corte de 0,50 ponto continua sendo o mais apropriado para as próximas reuniões. O colegiado só se reúne mais uma vez neste ano, em dezembro.
Considerando apenas as 41 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 também continuou em 11,75%. Para o fim de 2024, passou de 9,25% para 9,38%, com 40 atualizações no período.
No encontro de novembro, o Copom repetiu que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
No Boletim Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 também seguiu em 8,75%, mesmo nível de um mês antes. Para 2026, a projeção continuou em 8,50%, mesma mediana de quatro semanas atrás.