Moeda brasileira: veja o Boletim Focus da semana de 26 de setembro de 2022 (Getty Images/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de setembro de 2022 às 09h27.
Última atualização em 26 de setembro de 2022 às 09h43.
Após o Comitê de Política Monetária (Copom) manter a Selic em 13,75% ao ano, o Boletim Focus mostrou novamente melhora das expectativas de inflação para 2022 e 2023, ao mesmo tempo em que apontou manutenção para 2024, para onde caminha o horizonte relevante de política monetária.
Para 2022, a estimativa para alta do IPCA - índice de inflação oficial - foi reduzida pela 13ª semana seguida, de 6,00% para 5 88%, reflexo das desonerações patrocinadas pelo governo para baixar combustíveis e energia e também do recuo dos preços da gasolina. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 26.
Há um mês, a projeção era de 6,70%. Em relação a 2023, a mediana recuou pela sexta semana consecutiva, de 5,01% para 5,00%, contra 5,30% quatro semanas antes.
Considerando somente as 88 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 5,93% para 5,77%. Para 2023, permaneceu em 5,00%.
Já a mediana para o IPCA de 2024 interrompeu a sequência de altas semanais e ficou estável em 3,50%, contra 3,41% há um mês. A previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual estável por 63 semanas.
Apesar da melhora considerável nas últimas semanas, as medianas divulgadas na Focus continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta, após o descumprimento do mandado do BC em 2021, com o IPCA de 10,06%.
O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5 00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4 75%. Já para 2024 e 2025, a meta é de 3,00%, com intervalo de 1 5% a 4,5%.
No Copom da semana passada, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 5,8% em 2022, 4,6 % em 2023 e 2,8% para 2024. O colegiado interrompeu o ciclo de aperto monetário após 12 altas consecutivas na taxa básica de juros.
Com a conclusão do ciclo de aperto monetário na semana passada, o mercado financeiro manteve a projeção de que a taxa Selic encerrará ano em 13,75%, nível que foi mantido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central em decisão dividida dentro do colegiado. No Boletim Focus, o porcentual estimado para 2022 já era de 13,75% um mês antes.
A mediana para a Selic no final de 2023 continuou em 11,25%, contra 11,00% há um mês. Considerando apenas as 70 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%. Para o término de 2023, as 69 revisões feitas nos últimos cinco dias úteis não alteraram a mediana de 11,25%.
Ao estacionar a Selic no patamar atual, o BC avisou que poderá retomar o aperto se a inflação não cair como o esperado no período à frente. "O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação", completou o comunicado.
Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 passou de 7,50% para 7,63%, ante 7 50% de quatro semanas antes.
O mercado financeiro continuou a melhorar as estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. A projeção para a alta do PIB em 2022 passou de 2,65% para 2,67%, 13ª alta seguida, contra 2,10% há um mês. Já a estimativa para a expansão do PIB em 2023 permaneceu em 0,50%, ante 0,37% um mês antes.
Considerando apenas as 49 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2022 seguiu em 2,70%. No caso de 2023, também houve 49 atualizações nos últimos cinco dias úteis, com variação da mediana de 0,50% para 0,58%.
O Relatório Focus ainda mostrou alta na projeção para o crescimento do PIB em 2024, de 1,70% para 1,75%. Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,80% e 2,00%, respectivamente.
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O Focus também mostrou nesta segunda prognóstico mais favorável para a relação entre resultado primário e o PIB deste ano, com o superávit previsto subindo de 0,75% para 0,90%. Há um mês, o porcentual era de 0,30% do PIB. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 passou de 6,70% para 6,40%, contra 6,80% de um mês atrás.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
O relatório ainda trouxe alteração na projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022. A mediana passou de 58,70% para 58,40%, de 59,00% um mês atrás.
Para 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB passou de 63,17% para 63,23%, de 63,50% há um mês. A mediana para o déficit primário continuou em 0,50%. Para o rombo nominal a estimativa permaneceu em 7,70%. Os porcentuais eram negativos em 0,49% e 7,70%, respectivamente, há quatro semanas.
Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de superávit da balança comercial em 2022 de US$ 65,00 bilhões para US$ 62,00 bilhões, ante US$ 68,06 bilhões de um mês atrás. Para 2023, a projeção variou de US$ 60,00 bilhões para US$ 59,90 bilhões, ante US$ 60,00 bilhões de quatro semanas antes.
No caso da projeção de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos em 2022, a mediana passou de US$ 26,52 bilhões para US$ 27,03 bilhões, contra US$ 18,50 bilhões de um mês atrás.
Em 2023, a projeção para o rombo em transações correntes variou de US$ 32,00 bilhões para US$ 31,82 bilhões. Há um mês, a expectativa era deficitária em US$ 30,00 bilhões.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o rombo em transações correntes nesses anos. A mediana das previsões para o IDP em 2022 passou de US$ 60,00 bilhões para US$ 61,00 bilhões, ante US$ 58,00 bilhões de um mês atrás. Para 2023, variou de US$ 66,00 bilhões para US$ 65,00 bilhões, de US$ 65,50 bilhões há quatro semanas.
O Relatório de Mercado Focus mostrou manutenção no cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023 pela nona semana seguida.
A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,20, mesmo valor de um mês antes. Para 2023, também permaneceu em R$ 5,20, repetindo a estimativa de quatro semanas atrás.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
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