Economia

BNDES vai devolver R$ 130 bi ao Tesouro este ano, diz diretor

Diretor financeiro do banco de fomento também sinalizou a devolução de cerca de R$ 20 bilhões ao Fundo de Amparo ao Trabalhador

BNDES: principal objetivo do governo federal com as antecipações do banco de fomento é evitar o descumprimento da "regra de ouro" (Nacho Doce/Reuters)

BNDES: principal objetivo do governo federal com as antecipações do banco de fomento é evitar o descumprimento da "regra de ouro" (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 14h42.

Rio de Janeiro - Após ouvir o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmar em palestra que o cumprimento da regra de ouro está resolvido para 2018, mas não para 2019, o diretor financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Thadeu de Freitas, admitiu que a instituição de fomento poderá devolver neste ano tanto os R$ 130 bilhões da dívida com o Tesouro Nacional quanto cerca de R$ 20 bilhões ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

"Esses R$ 20 bilhões do FAT, é possível devolver? É, mas pode ser que o FAT não precise. Certo mesmo são os R$ 130 bilhões. Eu espero que o FAT não precise", afirmou Freitas, ao término de evento promovido pelo jornal O Globo, no Rio, onde o ministro Oliveira deu palestra.

Desde setembro, a diretoria do BNDES vinha em disputa pública com a equipe econômica em torno da devolução antecipada da dívida com o Tesouro Nacional.

A partir do início deste ano, Thadeu passou a garantir a devolução dos R$ 130 bilhões, mas frisava que o valor era o quanto o banco poderia retirar do caixa, seja para o Tesouro, para o FAT ou outras demandas.

Agora, Freitas sinalizou uma mudança na posição. Questionado se o BNDES teria como devolver R$ 130 bilhões ao Tesouro e mais R$ 20 bilhões, ao FAT, somando R$ 150 bilhões, Freitas respondeu: "O banco tem condições, mas ficará com o caixa muito baixo."

O principal objetivo do governo federal com as antecipações do BNDES é evitar o descumprimento da "regra de ouro", que limita as emissões de dívida ao valor gasto pelo governo com despesas de capital (investimentos e rolagem da dívida).

Em palestra mais cedo, o ministro do Planejamento reconheceu que o orçamento de 2019 não pode ser feito preservando a "regra de ouro", embora para 2018 a questão esteja resolvida, com a devolução do BNDES.

Segundo Oliveira, há discussão técnica e jurídica no governo, envolvendo o Tribunal de Contas da União (TCU), sobre como atacar o problema da regra de ouro em 2019.

O diretor do BNDES, que estava na plateia do evento no Rio, chegou a pedir a palavra na fase de perguntas após a palestra de Oliveira, para dizer que havia um "esforço nacional" para enfrentar a crise fiscal.

Acompanhe tudo sobre:BancosBNDESeconomia-brasileiraTesouro Nacional

Mais de Economia

MP do crédito consignado para trabalhadores do setor privado será editada após o carnaval

Com sinais de avanço no impasse sobre as emendas, Congresso prevê votar orçamento até 17 de março

Ministro do Trabalho diz que Brasil abriu mais de 100 mil vagas de emprego em janeiro

É 'irrefutável' que vamos precisar de várias reformas da previdência ao longo do tempo, diz Ceron