Economia

BNDES prevê desembolsos de R$ 145 bi este ano

O freio no financiamento, antes avaliado em R$ 170 milhões, faz parte dos esforços do governo para desaquecer a economia

BNDES: o banco fornece empréstimo por meio de outros bancos (Divulgacao)

BNDES: o banco fornece empréstimo por meio de outros bancos (Divulgacao)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2011 às 20h54.

Rio - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse que os desembolsos do banco este ano chegariam a R$ 170 bilhões se a instituição tivesse mantido as mesmas políticas de financiamento de 2010. Com o freio no crédito, diz ele, os desembolsos devem somar R$ 145 bilhões.

"O estoque de projetos aprovados continua crescendo, mas obviamente reduzimos a parcela financiada pelo BNDES, exatamente para abrir espaço para o mercado, para moderar o nosso desembolso neste ano", disse, em palestra no Investors Day, no Rio, defendendo maior participação de instituições privadas no financiamento de longo prazo.

Coutinho informa que o estoque de projetos aprovados pelo banco está em torno de R$ 178 bilhões, acima dos R$ 175 bilhões do ano passado. Para este ano, a previsão do banco é que os desembolsos se acelerem no segundo semestre, mas se mantenham no mesmo patamar de 2010: cerca de R$ 145 bilhões, conta que exclui o vultoso processo de capitalização da Petrobras.

O freio no financiamento do banco faz parte dos esforços do governo para desaquecer a economia. "Foi uma decisão tomada (no banco) que está sendo implementada e, aparentemente, estamos conseguindo resultado", acrescentou.

Segundo ele, os investimentos na economia brasileira deverão totalizar R$ 3,2 trilhões nos próximos anos, atingindo 22,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. "É um número para sustentar o crescimento de longo prazo sem pressão de inflação", disse Coutinho.

Desindexação

O presidente do banco de fomento também disse que a desindexação da economia, ou seja, a redução dos ajustes anuais de preços vinculados a índices de inflação, é um processo desejável no País. Nesta conta estão, por exemplo, os aluguéis de imóveis, reajustados pelo IGP-M. No entanto, Coutinho afirma que esta é uma medida que precisa ser feita de forma cuidadosa para não desrespeitar contratos.

"Cada contrato tem suas peculiaridades, é uma questão que precisa ser tratada de forma respeitosa (com os contratos)", disse. Coutinho disse ter "reservas teóricas em relação aos IGPs" (os índices gerais de preços da FGV), índices híbridos e com influência do dólar. Para ele, há índices que fizeram sentido no passado e que hoje não são necessariamente os mais adequados. "Mas isso é matéria para discussão técnica. Não dá para generalizar", disse durante o Investors Day.

Sobre a inflação, Coutinho se disse otimista, compartilhando as previsões do Banco Central de que o IPCA vá convergir para 4,5%, centro da meta do governo, em 2012. Ele lembra que há seis semanas consecutivas o nível de inflação recua.

"É ainda um processo incipiente, mas tenho certeza de que o BC e o Ministério da Fazenda cumprirão o programa macroeconômico brasileiro e os instrumentos de política monetária serão usados para assegurar que a inflação volte para o centro da meta. Tenho confiança na competência do BC", disse.

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