Economia

BNDES pode cortar empréstimos se governo não injetar capital

Segundo fonte, banco pode ser forçado a reduzir os financiamentos se o governo federal não injetar até R$ 30 bilhões


	Prédio do BNDES: banco estaria discutindo com o governo os termos de uma potencial injeção de capital
 (Vanderlei Almeida/AFP)

Prédio do BNDES: banco estaria discutindo com o governo os termos de uma potencial injeção de capital (Vanderlei Almeida/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2014 às 17h48.

Brasília - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode ser forçado a reduzir os financiamentos nos próximos meses se o governo federal não injetar até 30 bilhões de reais na instituição ainda neste ano, disse uma autoridade do banco com conhecimento do assunto nesta quarta-feira.

O BNDES está discutindo com o governo os termos de uma potencial injeção de capital, disse a fonte.

Outra fonte com conhecimento dos planos do governo disse à Reuters na semana passada que parte do dinheiro poderia ser liberada antes do fim do ano.

Embora o dinheiro novo possa impulsionar o capital do banco e elevar sua capacidade de emprestar para grandes e pequenas empresa, o movimento poderia erodir ainda mais as finanças públicas em um momento que a presidente reeleita Dilma Rousseff está sob pressão para cortar gastos e recuperar a confiança de investidores.

Sem a injeção de capital, o BNDES poderia ser forçado a "reter uma quantidade significativa de desembolsos no curto prazo", disse a autoridade, que pediu anonimato por não ter autorização para falar publicamente sobre o assunto.

"O número de 30 bilhões de reais está sob consideração, mas não há certeza se o montante será liberado", disse.

O governo federal reconhece os efeitos que os empréstimos do BNDES causam às contas públicas, mas a presidente Dilma Rousseff deve ser cartelosa para evitar que uma redução do papel do banco de fomente prejudique ainda mais o crescimento da economia, que entrou em recessão técnica no primeiro semestre deste ano.

Sob o governo de Dilma, o banco emprestou mais de 570 bilhões de reais a taxas subsidiadas financiadas principalmente pela venda de títulos do Tesouro, o que causou um salto na dívida pública.

As agências de classificação de crédito alertaram que poderiam rebaixar o Brasil por conta da deterioração das contas públicas e estão observando de perto se um papel menor para oBNDES estará entre as mudanças promovidas por Dilma em seu segundo mandato.

A fonte reconheceu que o banco terá que buscar mais recursos com taxa de uros mais próximas ao que o mercado oferece para reduzir o peso fiscal dos empréstimos no futuro.

"No longo prazo, o banco terá que fazer ajustes para suas políticas operacionais para usar mais recursos a preços de mercado", disse.

A diferença entre a taxa de juros que o Tesouro paga para financiar o BNDES com títulos públicos (Selic) e os juros cobrados nos empréstimos concedidos pelo banco (TJLP) chegou a 6,25 por cento, custando 35 bilhões de reais aos contribuintes por ano, e deve aumentar ao longo do próximo ano.

Procurada, a assessoria de imprensa do BNDES disse que o banco não iria comentar o assunto.

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