BNDES: "Não foi encaminhado formalmente, mas isso é uma realidade orçamentária", diz Thadeu (Nacho Doce/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de agosto de 2017 às 16h26.
Brasília - O diretor financeiro do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, afirmou nesta quarta-feira, 30, que o pedido de devolução antecipada de mais cerca de R$ 100 bilhões de empréstimos de longo prazo ao Tesouro Nacional ainda não foi encaminhado "nem formalmente, nem informalmente" pela equipe econômica do governo, mas já é esperado pelo banco de fomento.
"Não foi encaminhado formalmente e não está em discussão, mas isso é uma realidade orçamentária. Não é uma questão do BNDES com o Tesouro Nacional, é uma realidade orçamentária. A partir daí temos que seguir os passos orçamentais, como vai ser, quando vai ser, mas é uma necessidade orçamentária da União hoje", declarou em conversa com jornalistas.
Ele frisou que o banco "está sempre preparado para fazer fluxo de caixa com vários cenários".
Como o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, revelou, o retorno desse dinheiro ao caixa da União em 2018 deve estar previsto na proposta de projeto de Orçamento para o ano que vem, que será encaminhada ao Congresso nesta quinta-feira, 31.
Ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas, Thadeu de Freitas afirmou não ver "nenhum inconveniente em nada disso em qualquer circunstância".
"O que é momento ideal? Aquele que o banco estiver com condições favoráveis para não depender mais desses recursos. Nesse momento depende, mas não tanto."
Ele destacou que, embora o banco não tenha sido comunicado, o pedido é esperado devido à devolução de outros R$ 100 bilhões pelo BNDES ao Tesouro no fim do ano passado.
"Já teve uma devolução, então é uma questão de tempo, o que não pode é atrapalhar a chamada dinâmica do banco, o que atrapalharia a União também, já que o banco paga dividendos para a União", afirmou.
Thadeu de Freitas declarou que não existe a possibilidade de o banco negar um eventual pedido de devolução, mas que é possível negociar questões como volumes e forma de transferência, por exemplo.
"Vai depender do momento específico da devolução. A maneira mais formal de devolução seria em títulos, porque pegou (o empréstimo) em títulos, devolve em títulos. Talvez essa seja a forma de devolução", disse o diretor.
Ele conversou com a imprensa no Senado, onde participa na tarde desta quarta-feira, 30, de uma audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias de irregularidades no BNDES.
A oitiva também terá a participação do procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira.
Após enfrentar dois meses de resistência de parlamentares, a CPI do BNDES foi instalada há cerca de um mês para investigar empréstimos concedidos pelo banco de fomento desde 1997, no âmbito do programa de globalização das companhias nacionais.