Sede do BNDES: com grandes eventos no Brasil, como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016, o banco deve receber novos aportes do Tesouro (.)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2010 às 16h37.
Rio de Janeiro - O forte crescimento do BNDES nos últimos anos e a atuação quase solitária nos empréstimos de longo prazo no Brasil se tornaram motivo de preocupação e de discussão dentro do próprio banco, de acordo com uma fonte da cúpula da instituição.
Após o agravamento da crise global pelo colapso do banco norte-americano Lehman Brothers em setembro de 2008, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) recebeu um total 180 bilhões de reais do Tesouro Nacional para fazer frente à demanda de investimento do setor público e privado.
O banco de fomento também reforçou o uso de seu braço de participações, o BNDESPar, para ajudar na criação ou no fortalecimento de grandes grupos nacionais, seguindo orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. São exemplos a produtora de celulose Fibria e o frigorífico JBS.
A instituição passou a ser alvo de críticas de economistas e políticos da oposição, que acusam o BNDES de privilegiar grandes empresas que poderiam captar recursos no mercado internacional a taxas competitivas.
Os mesmo críticos alegam que o BNDES estaria abandonando seu papel primordial, deixando de lado micro, pequenas e médias empresas que carecem de empréstimos a custos mais baixos para financiar investimentos e operações.
"Vivemos esse dilema diariamente. Se não emprestarmos, quem vai emprestar? Agora, não faz sentido um país desse tamanho e o volume de demanda de investimentos ser atendido apenas pelo BNDES", reconheceu a fonte do banco à Reuters nesta sexta-feira. "Não tem sentido o BNDES querer ser 'O banco'. Não é econômico, não é produtivo e não gera externalidade."
Apesar de reconhecer que o tamanho do banco preocupa, a fonte não descartou a possibilidade de o Tesouro fazer novos aportes no BNDES. O capital da instituição seria suficiente para suportar os desembolsos para 2010 e 2011.
"Teremos Copa do Mundo em 2014, Olimpíadas em 2016 e outros investimentos... É uma desafio do país conseguir fontes alternativas de financiamentos de longo prazo", afirmou.
Nos sete primeiros meses de 2010, os empréstimos do BNDES somaram 72,6 bilhões de reais. As projeções para o ano se aproximam de 150 bilhões de reais, contra pouco mais de 137 bilhões de reais em 2009 e 92,2 bilhões de reais em 2008.
Agenda complexa
Conforme a fonte do BNDES, o grande tema dentro da instituição é "o que fazer para estimular os bancos privados a entrar no investimento de longo prazo".
"O problema é que a carteira dos bancos é toda travada no curto prazo. Não há uma solução única para esse problema. Tem que ser um conjunto de coisas ao mesmo tempo para ajudar."
A agenda nessa frente é "complexa" e envolve Banco Central, Receita Federal, Ministério da Fazenda, mercado de capitais e instituições financeiras, além do próprio BNDES.
Um alternativa em análise seria a adoção de medidas para estimular o mercado secundário de negociação de debêntures emitidas por companhias nacionais. "Acho que em duas ou três semanas teremos novidades sobre isso, porque há uma atenção forte nisso", afirmou a fonte, sem dar detalhes.
No início de agosto, o IFR --um serviço da Thomson Reuters-- noticiou que o Brasil estaria estudando a possibilidade de isentar do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) o investimento estrangeiro em debêntures no país, para fomentar a negociação dos títulos de dívida de empresas no mercado secundário e estimular um mercado primário mais ativo.
Leia mais notícias sobre o BNDES
Siga as notícias do site EXAME sobre Economia no Twitter