Sede do Banco Mundial: há o risco de a turbulência política adiar a adoção de medidas fiscais que corrijam os atuais desequilíbrios, diz a instituição (Win McNamee/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2016 às 22h11.
Washington - As incertezas existentes no Brasil tornam "muito difícil" prever quando o país sairá da recessão em que mergulhou em 2014, avaliou nesta terça-feira, 12, Augusto de la Torre, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe.
Além disso, há o risco de a turbulência política adiar a adoção de medidas fiscais que corrijam os atuais desequilíbrios, o que forçaria o País a realizar ajustes muito mais dolorosos no futuro.
Em seu relatório semestral sobre a região, a instituição estimou que a economia brasileira terá contração de 3,5% neste ano, uma previsão mais otimista que a do Fundo Monetário Internacional (FMI), que espera queda de 3,8%. De la Torre defendeu a adoção de medidas econômicas que reduzam a incerteza e levem à retomada dos investimentos.
"Se tivéssemos uma maneira simples de adivinhar em que momento haverá uma recuperação dos investimentos no Brasil seria mais fácil prever quando a recessão terminará", afirmou durante entrevista coletiva.
O que é possível é a identificação dos fatores que detêm a expansão dos investimentos, ponderou. "A taxa de juros do Brasil é muito alto comparada com qualquer outro país do mundo. E isso reflete em parte a percepção de que há riscos, que não se pode identificar perfeitamente, mas que afetam o processo econômico."
A situação é complicada pela turbulência política, que agrava ainda mais a percepção de incerteza. De la Torre observou que o processo atual é necessário para que a democracia "se oxigene", mas tem efeitos negativos sobre os investimentos no curto prazo.
Segundo o economista, a forte desaceleração do Brasil é sentida em toda a região. Seu impacto mais direto é visto na queda no comércio com os vizinhos do Cone Sul - Argentina, Uruguai e Paraguai. Mas De la Torre ressaltou que há um efeito "psicológico", que ficou evidente na retirada do grau de investimento do país pelas agências de classificação de risco. "O Brasil é a maior economia da América Latina. Quando há expectativas pessimistas sobre o país, isso projeta uma nuvem sobre toda a região."