Economia

BM: baixo crescimento e pressão da inflação desafiam Brasil

Economista chefe para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial diz que situação é preocupante, porque combina baixo crescimento com pressão inflacionária


	Augusto de la Torre: economista ressaltou que esse é um problema de curto prazo e que as perspectivas de longo prazo para o país são “sempre” favoráveis
 (©AFP/arquivo / Mauricio Lima)

Augusto de la Torre: economista ressaltou que esse é um problema de curto prazo e que as perspectivas de longo prazo para o país são “sempre” favoráveis (©AFP/arquivo / Mauricio Lima)

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2014 às 15h48.

Brasília - Um dia depois de o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduzir as estimativas de crescimento para o Brasil, o Banco Mundial divulgou, nesta quarta-feira ((9), relatório dizendo que o país deverá crescer menos de 2% neste ano.

A situação é preocupante, porque combina baixo crescimento com pressão inflacionária, disse, em Washington, o economista chefe para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial, Augusto de la Torre, que hoje apresentou o relatório International Flows to Latin America: Rocking the Boat? (Fluxos Internacionais para a América Latina: Problemas à vista?, em tradução livre).

De acordo com a instituição, o baixo crescimento do país deve-se, em parte, ao fato de ainda não ter sido implementada “a agenda de reformas para evitar um cenário de baixo crescimento, poupança limitada e reduzido investimento”.

Sobre o crescimento, Augusto de la Torre disse que o normal seria, nessas condições, uma situação de baixa inflação. O economista ressaltou, porém, que esse é um problema de curto prazo e que as perspectivas de longo prazo para o país são “sempre” favoráveis. No curto prazo, recomendou o economista, é preciso resolver pressões inflacionárias acompanhadas de baixo crescimento.

“O país tem uma grande riqueza, é o maior da região. Estou otimista com o crescimento do Brasil. O desafio é crescer a curto prazo. O país precisa criar mais espaço para uma combinação entre política fiscal e monetária. A política fiscal precisa ser mais ajustada para abrir mais espaço na política monetária. A combinação é uma política difícil, mas o Brasil deveria balancear as duas. Adotar uma política monetária mais elástica”, disse.

Na região sul-americana, as previsões de crescimento para este ano variam entre -1%, na Venezuela, e quase 7%, no Panamá, seguido de perto pelo Peru, com 5,5%. Também acima da média regional estão o Chile e a Colômbia, com expectativas de crescimento superiores a 3,5%.


O México terá aproximadamente 3% e mereceu uma consideração à parte pela onda de reformas, que atingem o setores bancário, da educação, de telecomunicações, de impostos e energia. Para o economista, essa onda de reformas aumentou o otimismo dos investidores e melhorou as perspectivas de crescimento do país, não só este ano.

De la Torre também apontou as situações que, para ele, representam riscos globais para a América Latina. Entre elas, estão a política monetária dos Estados Unidos e o futuro econômico da China. Para o economista do Banco Mundial, a China deverá crescer 7,5% ou menos, com impacto para o crescimento da América Latina e suas exportações.

No caso dos Estados Unidos, a retomada do crescimento e a política de redução das intervenções do Tesouro norte-americano tornarão a economia daquele país mais atrativa, com a retirada de recursos dos emergentes, por exemplo. De la Torre disse que, mesmo assim, o impacto da inversão nos fluxos de capital é menos significativo na América Latina e no Caribe, pois a região conta com novos recursos internacionais, mais estáveis.

“Os mercados financeiros estrangeiros têm volatilidade e certo grau de instabilidade. As razões são o preços da política monetária dos Estados Unidos, que vai continuar a ser normalizada. A outro é a expectativa do futuro da economia na China”, disse o economista.

De la Torre ressaltou, no entanto, que a região está mais preparada, principalmente a Colômbia, o Chile, o México, o Peru e o Brasil, que são os países que podem suportar melhor as pressões globais. Outra boa notícia, segundo ele, é que, antes de 2003, a América Latina era uma região que devia muito, mas passou agora a ser um importante credora. Houve ainda aumento da captação de investimentos estrangeiros diretos (IED) na região na última década, em detrimento do capital especulativo, mais volátil.

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