Blairo Maggi: "Nós teremos problemas. Nossa imagem foi muito atacada nos últimos dias. Os comentários são muito ruins e não se pode esquecer que os nossos concorrentes estão se aproveitando desse momento de fragilidade" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 27 de março de 2017 às 18h10.
Última atualização em 27 de março de 2017 às 18h53.
Brasília - A prioridade do governo brasileiro é restabelecer as exportações de carnes suspensas por alguns países devido às notícias relacionadas à operação Carne Fraca e num segundo momento o objetivo é reconquistar a confiança dos consumidores no exterior, o que não será fácil, afirmou a jornalistas o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, nesta segunda-feira.
"Nós teremos problemas. Nossa imagem foi muito atacada nos últimos dias. Os comentários são muito ruins e não se pode esquecer que os nossos concorrentes estão se aproveitando desse momento de fragilidade para fazer os mercados serem direcionados para eles", disse o ministro.
O Brasil é o maior exportador global de carne de frango e tem figurado na liderança também da exportação de carne bovina.
No último sábado, China, Egito e Chile anunciaram a reabertura de seus mercados para a importação de carne brasileira, movimentos que foram comemorados pelo governo, que se mobilizou nos últimos dias para tentar diminuir o dano às exportações após o escândalo de propina envolvendo a fiscalização dos produtos no Brasil.
Mas embargos ainda impostos por Hong Kong e Catar às carnes brasileiras preocupam exportadores de aves e suínos do Brasil, disse nesta segunda-feira a associação que representa as indústrias.
A propósito, o ministro disse que haverá uma conversa ainda na noite desta segunda-feira com autoridades de Hong Kong, para tentar convencer também este mercado a reabrir suas fronteiras ao mercado brasileiro.
"Acho que a mudança de posição da China pode ajudar (na reabertura de Hong Kong)", admitiu o ministro, sobre a mudança de posição dos chineses anunciada no sábado.
Na entrevista, Blairo disse que as unidades já interditadas pelo ministério continham "inconformidades" em seus processos, mas nada que causasse riscos à saúde dos consumidores.
Nesta segunda-feira, o Ministério da Agricultura informou que mais três frigoríficos paranaenses foram interditados como consequência das investigações da operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
As novas interdições foram feitas em unidade da empresaSouza Ramos, em Colombo (PR); da Indústria de Laticínios SSPMA,em Sapopemba (PR); e da Fábrica de Farinha de Carnes Castro, emCastro (PR).
Além das três novas interdições, o ministério já tinha paralisado atividades de duas unidades da Peccin, umaem Curitiba (PR) e outra em Jaraguá do Sul (SC); e uma da BRF, em Mineiros (GO).
Por conta da crise, Blairo disse que o ministério fará uma intervenção em suas superintendências regionais do Paraná e Goiás, "para que uma pessoa isenta, de fora, faça a varredura que tem de fazer lá dentro", disse.