Economia

Bitcoin disputa com ouro categoria de porto seguro em pandemia

Base de investidores do Bitcoin também se amplia à medida que mais instituições investem nessa classe de ativos

Bitcoin: (Thomas Trutschel/Getty Images)

Bitcoin: (Thomas Trutschel/Getty Images)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 18 de novembro de 2020 às 17h56.

O Bitcoin amplia sua liderança em relação ao desempenho do ouro e tenta ocupar o lugar do metal precioso como proteção contra riscos, tais como maior desvalorização do dólar ou aceleração da inflação.

O salto de quase 150% do Bitcoin em 2020 coloca o preço da moeda digital em relação ao ouro no maior nível em quase três anos, segundo dados compilados pela Bloomberg. A valorização ocorre quando investidores buscam proteger os portfólios em meio a previsões de que o dólar poderia se desvalorizar até 20% no próximo ano com a recuperação econômica após a pandemia.

“O Bitcoin parece ser o hedge preferido contra a desvalorização do dólar americano que se aproxima, seja por meio de mais flexibilização quantitativa do Federal Reserve, maior dívida pública ou uma curva de juros mais inclinada - ou todos os três”, disse por e-mail Jeffrey Halley, analista de mercado sênior da Oanda Asia Pacific.

A base de investidores do Bitcoin também se amplia à medida que mais instituições investem nessa classe de ativos. Compras ou endossos de empresas como Square, Paul Tudor Jones e Stan Druckenmiller entram no mix. Mas a volatilidade da criptomoeda - como o forte rali rumo a US$ 20.000 em dezembro de 2017 seguido de um colapso - torna os argumentos para que seja vista como reserva de valor controversos.

O medo de perder a oportunidade “está em jogo, e o fato de tantos grandes investidores declararem publicamente suas posições claramente ajuda”, disse Chris Weston, responsável por pesquisa da Pepperstone Financial, em relatório de 18 de novembro.

O ouro acumula queda de cerca de 9% desde o fechamento recorde em agosto, o que encolheu os ganhos neste ano para cerca de 24%. Alguns estrategistas agora apostam em baixa. O Morgan Stanley, por exemplo, reduziu a previsão para o metal precioso para US$ 1.825 a onça, em média, em 2021 em relação à estimativa anterior de US$ 1.950, sob o argumento de que a recuperação econômica global reduz a possibilidade de mais ganhos.

 

Um aumento acima de 1% dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos nos próximos meses pode limitar a valorização do metal, mas o ouro ainda será atraente como porto seguro no próximo ano, disse Halley, da Oanda.

Assim como o preço do Bitcoin mais que dobrou neste ano, o mesmo aconteceu com o índice Bloomberg Galaxy Crypto, que rastreia o Bitcoin e as maiores moedas rivais.

O ouro ainda tem um histórico mais sólido e, ao longo de décadas, provou ser um ativo de porto seguro durante a tendência de queda dos mercados. O acúmulo de Bitcoins por parte de alguns investidores ajuda a explicar seu forte desempenho recente e representa um risco se essas “baleias” começarem a vender.

Shaun Djie, diretor de operações da Digix

O Bitcoin subiu pela terceira sessão na quarta-feira, ultrapassando US$ 18.000 e chegando perto do recorde de 2017. O ouro se manteve estável em cerca de US$ 1.878 a onça.

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