Economia

BID Invest e agência japonesa criam fundo bilionário para custear empresas na América Latina

Iniciativa começa com US$ 1 bilhão, mas pode ter recursos ampliados para US$ 1,5 bilhão, mediante acordo entre as instituições, após três anos

Fundo criado em parceria entre o BID Invest e a Agência de Cooperação Internacional do Japão vai promover desenvolvimento na América Latina, diz Ilan Goldjan, presidente do BID (AFP Photo)

Fundo criado em parceria entre o BID Invest e a Agência de Cooperação Internacional do Japão vai promover desenvolvimento na América Latina, diz Ilan Goldjan, presidente do BID (AFP Photo)

Agência o Globo
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Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 07h31.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 07h31.

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O BID Invest — braço do setor privado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) — vai receber uma contribuição de US$ 1 bilhão da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica, na sigla em inglês). Os recursos serão usados para a criação de um fundo do setor privado voltado à promoção do desenvolvimento na América Latina e no Caribe.

Após três anos, a depender de um acordo entre as duas entidades, o fundo poderá ser expandido para até US$ 1,5 bilhão.

Ilan Goldfajn, presidente do BID e ex-presidente do Banco Central do Brasil, destaca que este será o primeiro fundo privado da agência japonesa em parceria com o BID e também o maior nesses moldes na região.

“Essa iniciativa não apenas catalisará investimentos privados, mas também promoverá o desenvolvimento sustentável, a inovação e o crescimento econômico na América Latina e no Caribe”, afirma Goldfajn.

Na contramão dos EUA

A parceria com a agência japonesa surge em um momento em que o presidente americano Donald Trump ameaça reduzir ou retirar apoio de organismos multilaterais de fomento. Os Estados Unidos são membros não-mutuários do BID, ou seja, contribuem com recursos, mas não recebem repasses.

Diante do crescente déficit em financiamento a projetos na América Latina, o BID Invest adotou um modelo de negócios que prioriza colaborações e cofinanciamentos com instituições de fomento. Esse modelo visa atrair investimento privado e maximizar a eficiência dos recursos.

Isso está alinhado à nova estratégia do banco multilateral, batizada de BID Impact+, que reúne seus três braços de trabalho — BID, BID Invest e BID Lab, o centro de inovação do grupo — para ampliar impacto e escalar resultados.

Foco em sustentabilidade

O BID Invest vem expandindo sua capacidade de investimento. No ano passado, teve um aumento de capital aprovado no valor de US$ 3,5 bilhões, a ser implementado ao longo de até sete anos. Quando concluído, esse processo mais que dobrará o capital do instrumento para investir em empresas e projetos privados.

O presidente da Jica, Akihiko Tanaka, afirma que a agência está comprometida em apoiar o setor privado “para solucionar problemas sociais profundamente enraizados na América Latina e no Caribe”. Ele acrescenta que o investimento “contribuirá para reduzir a lacuna de financiamento necessária para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na região”.

O novo fundo mira em projetos sustentáveis. O BID Invest já apoia iniciativas em áreas como saneamento básico, infraestrutura e concessionárias de serviços essenciais.

Há mais de 40 anos, a Jica atua como parceira do BID na América Latina e no Caribe, sendo a maior agência bilateral em ajuda ao banco multilateral. Em 2011, foi firmado um acordo de cofinanciamento entre as entidades, que mais tarde se transformou no marco de Cooperação para Recuperação Econômica e Inclusão Social.

No ano passado, a agência japonesa ampliou o financiamento dessa iniciativa para US$ 4 bilhões, com foco em infraestrutura de qualidade, combate à pobreza e mitigação das mudanças climáticas.

Na parceria com o BID Invest, em 2024, a Jica participou de investimentos como o fechado com a healthtech brasileira Dr. Consulta, sendo esse o primeiro investimento em equity feito pela agência japonesa na região. Além disso, houve destinação de recursos a iniciativas do BID Lab, como o Programa Tsubasa, que apoia startups japonesas voltadas para desafios na América Latina.

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