Economia

Bernanke diz que o Fed é flexível sobre compras de títulos

Chairman afirmou que o banco central ainda espera começar a reduzir seu forte programa mais à frente neste ano

Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, durante apresentação do relatório de política econômica para a Comitê de Serviços Financeiros da Câmara em Washington (Pete Marovich/Bloomberg)

Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, durante apresentação do relatório de política econômica para a Comitê de Serviços Financeiros da Câmara em Washington (Pete Marovich/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2013 às 16h12.

Washington - O chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, afirmou nesta quarta-feira que o banco central dos Estados Unidos ainda espera começar a reduzir seu forte programa de compras de títulos mais à frente neste ano, mas deixou em aberto a opção de mudar esse plano se o cenário econômico mudar.

Embora se atenha ao cronograma para reduzir as compras de títulos que ele detalhou primeiramente no mês passado, Bernanke destacou que nada é predeterminado.

"Nossas compras de títulos dependem dos desenvolvimentos econômico e financeiro, mas eles não estão de jeito nenhum em um curso predeterminado", disse Bernanke ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados.

Segundo o cronograma que Bernanke apresentou em 19 de junho, as autoridades do Fed devem reduzir suas compras mensais de títulos ainda neste ano e suspendê-las até meados de 2014, desde que a recuperação econômica aconteça como esperado.

Embora não tenha se afastado dessa orientação nesta quarta-feira, ele afirmou que o atual ritmo mensal de 85 bilhões de dólares de compras pode ser reduzido "um pouco mais rapidamente" se as condições econômicas melhorarem mais rápido que o esperado.

Por outro lado, "pode ser mantido por mais tempo" se a perspectiva do mercado de trabalho piorar, ou caso pareça que a inflação não está subindo de volta ao objetivo de 2 por cento do Fed.

"De fato, se necessário, o Comitê (de política do Fed) estará preparado para empregar todas as suas ferramentas, incluindo um aumento no ritmo de compras por um tempo, para promover o retorno ao emprego máximo em um contexto de estabilidade de preços", disse Bernanke.


As declarações elevaram os preços das ações norte-americanas de forma modesta e os preços dos títulos do governo também subiram. O dólar se firmou contra o euro e o iene.

"Há algo nessas declarações para todos", disse o analista-chefe de mercado do Commonwealth Foreign Exchange, Omer Esiner. "Bernanke tem feito um bom trabalho em deixá-lo cheio de espaço de manobras em termos de política".

O depoimento seminual de Bernanke ao Congresso pode ser seu último se ele deixar o cargo quando acabar o mandato em janeiro, como muitos esperam, e vários parlamentares elogiaram o chairman do Fed em seus comentários iniciais.

"Ele abriu o processo e desmistificou o que o Fed faz", disse o deputado Mel Watt, democrata da Carolina do Norte. "Ele fala em linguagem direta diferente de alguns dos chairmans anteriores que pareciam tentar complicar as coisas." Sob o comando de Bernanke, o Fed manteve as taxas de juros overnight perto de zero desde dezembro de 2008 e mais do que triplicou seu balanço patrimonial para cerca de 3,46 trilhões de dólares com uma série de compras de títulos.

O Fed lançou as compras de títulos para reduzir os custos de empréstimo de longo prazo e fomentar o investimento e as contratações.

Calma

Bernanke provocou um movimento rápido mas forte de vendas generalizadas no mês passado, quando detalhou os planos do Fed de reduzir o chamado "quantitative easing", e desde então juntou-se a um grupo de autoridades do Fed que explicaram sua intenção de manter as taxas de juros perto de zero bem depois do fim das compras de ativos.


Economistas esperam que o Fed comece a reduzir as compras de títulos em sua reunião de setembro.

Bernanke também admitiu que um dos motivos que o levou a falar sobre a redução no mês passado foi impedir uma possível bolha nos mercados financeiros, em vez da convicção de que a economia vai crescer mais rápido do que o esperado. Muitos economistas suspeitavam que esse havia sido um motivo importante.

"Não falar sobre essas questões teria corrido o risco de uma mudança das expectativas do mercado para longe das expectativas do comitê. Teria corrido o risco de aumento da alavancagem ou posições excessivamente arriscadas no mercado", disse ele.

Bernanke repetiu que as autoridades vão manter as taxas de juros perto de zero até ao menos que a taxa de desemprego, que ficou em 7,6 por cento em junho, caia para 6,5 por cento, desde que a inflação permaneça sob controle. A maioria não espera que as taxas subam até 2015.

Ele também disse que o Fed vai observar de perto qualquer queda no desemprego para ver se ela foi determinada pela força na contratação ou recuo no número de norte-americanos que buscam trabalho, caso no qual o banco central será mais paciente antes de elevar os juros. Qualquer ciclo de alta, disse ele, será gradual.

Bernanke, que comparecerá para um segundo dia de audiência diante do Comitê Bancário do Senado na quinta-feira, disse ainda que a recuperação econômica continua a um ritmo moderado devido a um setor imobiliário mais forte, que está ajudando as condições no mercado de trabalho melhorar gradualmente.

Acompanhe tudo sobre:Ben BernankeEconomistasFed – Federal Reserve SystemMercado financeiroPersonalidadesPolítica monetária

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE