Alexis Tsipras: "se o BCE não autoriza terá uma grande responsabilidade e voltaremos ao drama que tínhamos antes de 20 de fevereiro" (Kostas Tsironis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2015 às 10h49.
Berlim - O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, disse que seu país tem "uma corda ao pescoço" que está nas mãos do Banco Central Europeu (BCE), segundo entrevista publicada nesta sexta-feira pela revista alemã "Der Spiegel".
"O BCE segue tendo em suas mãos a corda que nós temos no pescoço", afirmou Tsipras. O primeiro-ministro pediu ao banco para aumentar o teto para poder emitir a curto prazo títulos de dívida soberana, que é agora de 15 bilhões de euros.
Tsipras quer emitir esses bônus a curto prazo, os denominados T-Bills, como uma solução ponte enquanto chega o desembolso do último lance do programa de ajuda europeu.
"Se o BCE não autoriza terá uma grande responsabilidade e voltaremos ao drama que tínhamos antes de 20 de fevereiro", alertou o primeiro-ministro grego.
Segundo Tsipras, o que se requer é "uma solução política que não pode ser tomada por tecnocratas".
O primeiro-ministro descartou uma saída da Grécia da zona do euro porque, segundo disse, o país ama Europa e "a União Monetária é como um novelo de lã que quando começa a desfazer ninguém pode impedir que se desfaça totalmente".
Tsipras defende também as seis propostas de reformas que o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, levará na segunda-feira para o Eurogrupo.
A lista, segundo Tsipras, inclui medidas para lutar contra a crise humanitária, uma reforma administrativa e a introdução da posibilidade de pagar a prazos dívidas tributárias.
O governo alemão rejeitou hoje a possibilidade de se antecipar o desembolso de parte do último lance da ajuda europeia à Grécia.
Segundo o porta-voz do Ministério das Finanças alemão, Martin Jager, o desembolso só será feito quando Atenas alcançar um bom desenvolvimento do programa de reformas e o êxito seja constatado pelas "instituições", o BCE, o FMI e o Conselho Europeu, que antes formavam a troika, e pelo Eurogrupo.
Na Alemanha, além disso, é necessário o sinal verde da Comissão de Orçamento do parlamento.