Mario Draghi: "não vejo motivo para desviar das indicações que temos fornecido consistentemente" (Kai Pfaffenbach/Reuters)
Reuters
Publicado em 6 de abril de 2017 às 11h48.
Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) vai se ater por algum tempo a seu plano de política monetária, incluindo compras de títulos e juros em mínimas recordes, já que ainda não está convencido de que a economia da zona do euro está em firme melhora, disseram nesta quinta-feira o presidente e o economista-chefe do banco.
As declarações de Mario Draghi e Peter Praet sugerem que o BCE não vai alterar sua mensagem de política monetária este mês apesar dos crescentes pedidos da Alemanha para que reduza o estímulo. Elas confirmam uma notícia exclusiva da Reuters da semana passada.
Draghi afirmou não ver necessidade de se desviar da trajetória de política monetária do BCE, que inclui compras de títulos até pelo menos o fim do ano e juros em mínimas recordes até bem depois disso para estimular a inflação.
"Não vejo motivo para desviar das indicações que temos fornecido consistentemente", disse Draghi em conferência em Frankfurt.
"Antes de fazer qualquer alteração aos componentes de nossa postura --taxa de juros, compras de ativos e orientação futura --ainda precisamos de confiança suficiente de que a inflação vai de fato convergir para nosso objetivo", acrescentou.
A inflação na zona do euro se recuperou nos últimos meses e estava em março em 1,5 por cento. A meta do BCE é de cerca de 2 por cento.
Isso tem alimentado a especulação do mercado de que o BCE pode elevar sua taxa de depósito, atualmente em -0,4 por cento, o que significa que os bancos são cobrados por depósitos em excesso.
O economista-chefe do BCE, Peter Praet, defendeu a sequência da trajetória de política monetária do banco, afirmando que apenas a adoção da noção de uma alta de juros vai desfazer parte do estímulo econômico trazido pelas compras de ativos do BCE.
"Se os investidores começarem a perceber que a trajetória dos juros está sujeita a incertezas...juros de longo prazo serão elevados e as compras de ativos se tornarão menos efetivas", disse Praet.