A instituição deverá manter as taxas no máximo histórico, ou seja, 4,0% para os depósitos de referência (Ralph Orlowski/Reuters)
Agência de notícias
Publicado em 11 de dezembro de 2023 às 13h39.
Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 14h13.
O Banco Central Europeu (BCE) deverá manter as suas taxas de juro em um nível recorde nesta quinta-feira, 14, em meio a especulações sobre quando aliviará a pressão face a um declínio mais rápido do que o esperado na inflação.
Depois da surpreendente queda da inflação na zona do euro em novembro, para 2,4% na comparação anual, a mudança de tom é palpável na instituição europeia, mesmo entre os defensores do último ciclo de aperto monetário, o mais agressivo desde a sua criação do BCE.
"Quando os fatos mudam, eu mudo de opinião", declarou a alemã Isabel Schnabel, membro do conselho de administração da instituição monetária, citando a célebre frase do economista John Maynard Keynes.
Foi uma forma indireta de descartar novos aumentos nas taxas de juro de curto prazo, algo que os responsáveis da política monetária da zona do euro não tinham descartado categoricamente até agora.
Na sua última reunião do ano, na quinta-feira, os guardiões do euro "não terão outra escolha senão reconhecer que poderão atingir a sua meta de inflação antes do previsto", afirma o analista da Capital Economics, Andrew Kenningham.
A instituição deverá manter as taxas no máximo histórico, ou seja, 4,0% para os depósitos de referência, mas já começaram as especulações sobre o calendário das futuras reduções.
Os mercados acreditam agora que o BCE reduzirá as taxas em pelo menos um ponto percentual no próximo ano, começando com um primeiro corte em abril.
O "desafio" de quinta-feira "é saber manter todas as opções abertas sem parecer muito conciliador", mas também "sem se afastar muito da realidade", segundo Carsten Brzeski, economista do ING.
Fabio Balboni, economista do HSBC, acredita que a presidente do BCE, Christine Lagarde, "reforçará a mensagem de que é muito cedo para falar em cortes nas taxas".
Lagarde lembra regularmente que "ainda não é a hora de cantar vitória" sobre a inflação, que levou o BCE a fazer dez aumentos consecutivos de suas taxas desde julho de 2022, até sua primeira pausa em outubro.
A inflação na zona euro atingiu um máximo histórico de 10,6% em outubro de 2022, como resultado da invasão russa da Ucrânia e de seus efeitos nos preços do gás e do petróleo.
Nas novas previsões a serem divulgadas na quinta-feira, o BCE deverá reduzir ainda mais sua previsão de inflação média para o próximo ano, atualmente em 3,2%, segundo Brzeski.
O aperto da política monetária tem um impacto cada vez mais visível na economia da zona do euro, especialmente no setor imobiliário, no qual o encarecimento dos créditos pesa cada vez mais sobre as empresas e as famílias.
No entanto, o BCE quer manter as taxas de juro elevadas enquanto for necessário, porque teme um novo aumento dos preços da energia.
Também está preocupado com os aumentos salariais, que poderiam alimentar uma intensificação dos preços.
Isabel Schnabel confessou que prefere "pecar pela prudência".
De acordo com Holger Schmieding, do Berenberg, "pode ser que o BCE não precise aliviar as taxas tão cedo e tanto quanto o banco central dos Estados Unidos".
Espera-se que o Fed se pronuncie sobre o assunto na quarta-feira, ao final de sua reunião ordinária.