UE: Além de cortar sua principal taxa de refinanciamento, o BCE também reduziu sua taxa de depósito, que funciona como um piso para o mercado de dinheiro, de 0,25% para zero (Ralph Orlowski/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de julho de 2012 às 13h48.
Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) cortou sua principal taxa de juros para o recorde de mínima nesta quinta-feira com o objetivo de impulsionar a economia da zona do euro, que está se deteriorando, mas evitou medidas dramáticas como compras de títulos do governo ou inundar bancos com nova liquidez.
O corte de 0,25 ponto percentual na principal taxa de refinanciamento do BCE, para 0,75 por cento, veio em linha com as expectativas do mercado e seguiu uma série de dados econômicos que mostraram que a maior economia da zona do euro, a Alemanha, está entrando numa modesta retração.
De 71 economistas consultados pela Reuters, 48 esperavam que o banco reduzisse a taxa. A maioria apostava em 0,25 ponto percentual, embora alguns estimassem uma queda maior.
As ações europeias, que avançaram após a divulgação do corte, reduziram os ganhos depois que o presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou que a economia da zona do euro irá se recuperar apenas gradualmente diante dos problemas de dívida de vários membros do bloco e da falta de disposição dos bancos em emprestar.
"Os riscos cercando a perspectiva econômica para a zona do euro continuam", disse Draghi em entrevista à imprensa. "Além do curto prazo, esperamos que a economia da zona do euro se recupere gradualmente, embora com a força afetada por uma série de fatores. Em particular, tensões em alguns mercados de dívida soberana da zona do euro e seu impacto em condições de crédito." A decisão do BCE seguiu-se a medidas similares de incentivo de China e Grã-Bretanha.
Draghi afirmou que não houve coordenação entre os três Bancos Centrais.
Além de cortar sua principal taxa de refinanciamento, o BCE também reduziu sua taxa de depósito, que funciona como um piso para o mercado de dinheiro, de 0,25 por cento para zero.
Esse movimento pode encorajar bancos a emprestar uns para os outros e não apenas manter fundos de até 800 bilhões de euros no BCE todas as noites.
O corte na taxas de juros não é visto como uma panaceia para os problemas da zona do euro, mas a redução nos custos de empréstimos mostra que o BCE está pronto para incentivar a fraca economia.
Draghi informou que a decisão foi unânime. "Isso tem uma força especial", disse ele.
Medidas fora do padrão
O banco central enfrentou pressão dos investidores e até mesmo do Fundo Monetário Internacional (FMI) para adotar medidas mais ousadas. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, pediu ao banco que retomasse suas compras de títulos governamentais.
O BCE não atendeu esse conselho. Algumas autoridades do banco acreditam que o programa de compras de título -paralisado por quatro meses agora- equivale a financiamento monetário de governos, um exercício além do mandato do banco.
Draghi também não deu nenhum sinal forte de que o BCE estaria disposto a oferecer uma repetição dos empréstimos de três anos ultrabaratos, ou LTROs, com o qual canalizou mais de 1 trilhão de euros aos bancos em dezembro e fevereiro. Mas também não descartou isso.
"Nós sempre dissemos que nossas medidas fora do padrão são temporárias, e não queremos nos comprometer previamente com decisões futuras", disse Draghi. "Mas com certeza agora alguns meses se passaram (desde a primeira LTRO), e vemos que o fluxo de receita é na verdade fraco e permanece fraco." Apesar de o BCE não estar pronto para anunciar que o programa de títulos está oficialmente encerrado, tornou-se mais claro que as compras serão retomadas apenas no caso de absoluta emergência.