Economia

BCE injetará dinheiro na zona do euro

Banco Central Europeu começará a comprar bônus cobertos a partir de outubro, mas afirmou que não atuará sozinho

O presidente do BCE, Mario Draghi: instituição manteve sua taxa básica de juros (Ciro de Luca/AFP)

O presidente do BCE, Mario Draghi: instituição manteve sua taxa básica de juros (Ciro de Luca/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2014 às 17h17.

Nápoles - O Banco Central Europeu (BCE) se prepara para injetar dinheiro na zona do euro, mas exigiu, nesta quinta-feira, que os governos acelerem o ritmo das reformas.

A instituição monetária, que se reuniu em Nápoles nesta quinta-feira sob protestos de manifestantes, manteve sua taxa básica no mínimo histórico em vigor desde setembro.

Draghi confirmou que o BCE vai começar a comprar bônus cobertos a partir de outubro, assim como os famosos ABS, os "asset-backed securities", ao longo do trimestre.

A esse mecanismo, previsto por dois anos, vão se somar oito empréstimos a juros baixos e de longo prazo (TLTRO) aos bancos, até junho de 2016, com a condição de que eles ofereçam mais créditos para empresas e particulares, contribuindo para a reativação da economia da zona do euro.

A compra de ABS e de bônus coberto será "a maior possível, mas feita com prudência", disse o BCE, na tentativa tranquilizar os críticos, em particular na Alemanha, que temem que o banco do bloco seja prejudicado pela compra de ativos de risco.

Bolsas em queda

Draghi disse que confia na eficácia dessas ações - que podem chegar até o trilhão de euros - com o objetivo de fazer a inflação subir. Segundo ele, os bancos centrais mostraram sua unanimidade em seu desejo de adotar outras medidas não convencionais, caso seja necessário.

As promessas não parecem, contudo, ter agradado os quatro mil manifestantes, segundo a polícia, que ocuparam as ruas do Reggia di Capodimonte, palácio onde aconteceu a reunião mensal da direção do BCE.

Os manifestantes protestaram contra as políticas de austeridade, apesar da forte presença policial.

"É muito compreensível que algumas pessoas sejam céticas, já que as coisas não vão bem", comentou Draghi, ressaltando que os problemas da zona do euro - como desemprego e recessão - parecem não ter fim.

Ele negou que o BCE tenha toda a responsabilidade. "Qual era a situação (da Itália) há dois anos e meio, quando o sistema financeiro estava a ponto de erodir?", lembrou.

Os mercados também parecem desconfiar das medidas. As Bolsas europeias recuaram depois da intervenção do BCE. Frankfurt caiu 1,99%; Londres, 1,69%; Paris, 2,81; Madri, 3,12%; e Milão, 3,92%.

"Claramente, os atores do mercado esperavam um compromisso maior do BCE sobre a ampliação de seu balanço e sobre eventuais novas medidas", comentou o economista Marco Bagel, do Postbank.

A vez dos 'outros atores'

Draghi, que acha que o BCE já fez muito, espera agora a participação de "outros atores", em primeiro lugar os governos.

"Com certeza, as reformas devem se acelerar em alguns países", afirmou Draghi, acrescentando que "se trata tanto de uma reforma nos mercados de trabalho e na produção quanto de melhorar o ambiente econômico das empresas".

"Os países que têm margens de orçamento devem utilizá-las", completou Draghi, em um recado para a Alemanha.

Seus pedidos para que os Estados façam mais, o que não é novo, são cada vez mais enfáticos, visto que as últimas tentativas da instituição de estímulo à inflação não tiveram muito sucesso.

A inflação na zona do euro, onde voltou a cair em setembro, a 0,3%, está muito longe da meta da instituição, pouco abaixo de 2%.

Embora a liquidez dos bancos seja abundante, a demanda de crédito, uma das alavancas para reativar a máquina econômica e a dinâmica dos preços, ela não cumpre seu objetivo, em um contexto econômico de morosidade, que não estimula os investimentos. Esse é o caso da Itália, terceira economia da zona do euro, onde o governo prevê uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.

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