Economia

BCE diz que não resgatará o Bankia e pede união bancária

O banco tem claro que não lhe cabe tomar as rédeas da eurozona

Mario Draghi, presidente do BCE, também exigiu dos líderes da Eurozona um esclarecimento sobre o que desejam para o futuro da moeda única (Daniel Roland/AFP)

Mario Draghi, presidente do BCE, também exigiu dos líderes da Eurozona um esclarecimento sobre o que desejam para o futuro da moeda única (Daniel Roland/AFP)

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Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2012 às 09h22.

Bruxelas - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, deixou claro ao governo espanhol que não haverá uma atuação da entidade monetária na crise do Bankia e por sua vez pediu uma "união bancária" como salva-vidas para o futuro do euro e seu sistema financeiro.

A rejeição de Draghi a uma intervenção a favor do Bankia e da bolsa espanhola, com um prêmio de risco que chegou aos 540 pontos, coincide com a exigência da Comissão Europeia às autoridades espanholas de conhecer o plano de recapitalização para a entidade bancária.

A Comissão está à espera que o governo espanhol lhe comunique o plano de reestruturação do Bankia e as opções que prevê para "reestruturar e, se for necessário, recapitalizar" a entidade, disse nesta quinta-feira à "Rádio Nacional da Espanha" o porta-voz comunitário de Assuntos Econômicos, Amadeu Altafaj.

A "união bancária" solicitada nesta manhã por Draghi, velha ideia proposta pelos analistas, foi incluída ontem nas recomendações da Comissão para a estabilidade da eurozona.

A própria Comissão reconhecia em seu relatório anual que o processo "seria longo", isto é, que os benefícios de tal união não estarão prontos a tempo para salvar o Bankia.

Apesar dessa realidade, o BCE tem claro que não lhe corresponde tomar as rédeas da eurozona e exige aos governos que se não eximam de ser os últimos responsáveis da governança do euro, para cuja viabilidade em longo prazo Draghi propõe uma "união bancária" com um fundo para bancos em dificuldades.

Em seu discurso perante a Comissão de Assuntos Econômicos do Parlamento Europeu, Draghi lamentou a gestão das reestruturações de bancos como o Bankia e o belga-francês Dexia por subestimar suas necessidades de injeção de capital público, provocando um custo ainda mais alto para as economias nacionais.

Draghi não culpou o BCE pelo vazio da falta de ação, cuja responsabilidade transferiu aos governos nacionais, aos quais lhes falta, segundo ele, "esclarecer sua visão sobre o futuro do euro".

A união bancária defendida pela máxima autoridade do BCE seria realizada tomando como referência o processo de união monetária. Esta ideia se centraria em três pilares: "um sistema de garantias e depósitos, um fundo de resolução para bancos em perigo e uma melhor centralização da supervisão bancária".

Draghi discursou no Parlamento na qualidade de presidente da Junta Europeia de Riscos Sistêmicos, mas a atualidade econômica espanhola não lhe permitiu tirar o chapéu de presidente do BCE. 

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