Mario Draghi: "No geral, continuamos determinados a manter um alto grau de acomodação monetária e a adotar mais ações decisivas se necessário" (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 13h05.
Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) afirmou nesta quinta-feira que está determinado a usar todas as ferramentas necessárias para impedir que a inflação fique baixa demais, mas deixou a taxa de juros inalterada apesar da desaceleração da alta dos preços para uma "zona de perigo" abaixo de 1 por cento.
O presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou em entrevista à imprensa após a reunião do banco que a zona do euro pode experimentar um período prolongado de inflação baixa antes de um retorno gradual para a meta do BCE de pouco abaixo de 2 por cento.
O banco central, que cortou a taxa de juros pela última vez em novembro para 0,25 por cento, "enfatizou fortemente" sua disposição para agir com ousadia se necessário para impedir qualquer chance de deflação --um termo que rejeitou-- mas deu a si mesmo mais tempo para avaliar as tendências dos preços e do mercado monetário.
"No geral, continuamos determinados a manter um alto grau de acomodação monetária e a adotar mais ações decisivas se necessário", disse Draghi.
"No momento não vemos deflação", disse ele, mas um período prolongado de inflação baixa pode acarretar riscos de baixa. "De modo geral, não vemos uma deflação como no Japão da década de 1990." A decisão de manter a principal taxa de juros na mínima recorde de 0,25 por cento era amplamente esperada apesar de notícias nesta semana de que a inflação na zona do euro desacelerou para 0,8 por cento em dezembro, o que Draghi atribuiu a uma peculiaridade extraordinária nos dados do setor de serviços da Alemanha.
Os analistas que buscavam qualquer indicação acerca dos instrumentos preferenciais do banco para manter as taxas de juros do mercado baixas, uma vez que começaram a subir conforme os bancos pagam os empréstimos do BCE, ganharam pouca clareza.
Draghi disse ser inútil especular quais instrumentos o BCE poderia usar. Ele não será atraído pela possibilidade de compras diretas de ativos de forma similar às políticas de "quantitative easing" do Federal Reserve norte-americano e dos banco centrais britânico e japonês, afirmando apenas que o BCE pode qualquer coisa que seu mandato permitir.
"Precisamos ter muito cuidado para a inflação não cair de forma permanente abaixo de 1 por cento e portanto na zona de perigo", disse Draghi à revista alemã Der Spiegel na semana passada.
Apesar de estar fraca, a recuperação econômica tem avançado como o BCE espera, dando a ele tempo para avaliar se a inflação acelera.