Economia

BCE corta taxas de juros para combater ameaça de deflação

Tentativa é para elevar a inflação de níveis mínimos e sustentar a estagnada economia da zona do euro


	BCE: banco cortou sua principal taxa de refinanciamento para 0,05%
 (Simon Dawson/Bloomberg)

BCE: banco cortou sua principal taxa de refinanciamento para 0,05% (Simon Dawson/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2014 às 09h53.

Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) cortou as taxas de juros para novas mínimas recordes nesta quinta-feira, reduzindo inesperadamente os custos de empréstimo para perto de zero na tentativa de elevar a inflação de níveis mínimos e sustentar a estagnada economia da zona do euro.

O BCE cortou sua principal taxa de refinanciamento para 0,05 por cento, ante 0,15 por cento e levou sua taxa de juros sobre depósitos overnight para território ainda mais negativo, cobrando agora 0,20 por cento de bancos para deixarem fundos no BCE.

Os juros mais baixos vão tornar a futura oferta de empréstimos de quatro anos do BCE, ou operações de refinanciamento de longo prazo direcionadas (TLTROs, na sigla em inglês), mais atrativas uma vez que bancos podem agora conseguir os recursos por menos. Porém, com os empréstimos ainda debilitados, o impacto mais amplo pode ser duvidoso.

"Foi a última chance de fazer isso antes das TLTROs, provavelmente por isso o fizeram", disse o analista da Nordea Holger Sandte. "Me parece um pouco como um pânico, e cria muitas expectativas de que há mais por vir na coletiva de imprensa".

Marco Valli, economista do Unicredit, disse que o corte terá pouco impacto na economia europeia.

"Estamos falando de um corte muito pequeno das taxas de juros", disse ele. "Eles provavelmente querem mostrar que não ficarão apenas na retórica. Mas isso ajudará apenas nas margens".

O presidente do BCE, Mario Draghi, deve oferecer uma avaliação mais detalhada sobre a economia durante a coletiva de imprensa às 9h30 (horário de Brasília). Muitos analistas esperam que ele esclareça também os planos do BCE para compra de empréstimos securitizados para afrouxar as condições de crédito.

Planos para lançar um programa de compras de bônus cobertos e títulos lastreados em ativos (ABS, na sigla em inglês) avaliado em até 500 bilhões de euros estavam sendo discutidos na reunião de política monetária desta quinta-feira BCE, disseram à Reuters pessoas familiarizadas com as discussões.

Draghi deve anunciar esse programa em sua entrevista à imprensa a menos que tenha encontrado forte oposição do Conselho na reunião de política monetária.

O programa teria duração de três anos e incluiria compras tanto de ABS quanto de bônus cobertos. O BCE poderia começar a comprar os ativos neste ano, disseram à Reuters as pessoas familiarizadas com as discussões.

Os mercados também estarão atentos para quaisquer pistas sobre um programa de compra de ativos em larga escala, ou "quantitative easing", que também inclui dívidas soberanas.

"Se isso é tudo o que eles fizerem, é uma decepção para os mercados", disse Sandte da Nordea.

Atualizado às 09h53

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