BC: o diretor destacou a inversão de trajetória dos indicadores de confiança após um longo período de recuo (Gustavo Gomes/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de setembro de 2017 às 14h33.
Brasília - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, avaliou nesta quinta-feira, 21, que o comportamento da inflação segue bastante favorável e destacou que os sinais se recuperação da economia se ampliaram.
"A atividade econômica mostra sinais de recuperação gradual em um ambiente com nível de ociosidade elevado. O diagnóstico de que a economia se estabilizou está consolidado e os sinais são de recuperação da atividade", afirmou, ao comentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), publicado pela manhã pela autoridade monetária.
Viana destacou a inversão de trajetória dos indicadores de confiança após um longo período de recuo, além da retomada na geração de emprego, que classificou como "boa surpresa". O diretor também citou a tendência de estabilização da produção industrial, embora menos pronunciada.
"Isso se reflete em revisões nas projeções para o PIB em 2017 e 2018", afirmou, referindo-se às novas estimativas do RTI para a alta da PIB em 0,7% em 2017 e em 2,2% em 2018. "Um ponto que mostra o potencial de melhoria para a economia é a projeção de alta de consumo das famílias", completou.
O diretor também lembrou que o cenário externo se mantém favorável, com a atividade global se recuperando de forma mais sincronizada, conforme consta no RTI divulgado nesta quinta.
Carlos Viana de Carvalho afirmou que há espaço para a recuperação cíclica da produtividade no Brasil. Ele fez ainda uma avaliação do cenário internacional que, na visão do BC, segue benigno.
O diretor lembrou que a inflação global segue rondando em níveis aquém do projetado, sem nenhuma pressão para os países. "O ambiente sem pressões inflacionárias pode ser resumido, há um indicativo disso, que são as taxas de juros de longo prazo, que permanecem bastante estáveis", pontuou. "Os preços de commodities têm mostrado recuperação. A exceção são alimentos, com queda mais recente."
Viana afirmou ainda que os números da inflação no Brasil continuaram surpreendendo em média para baixo. "Parte da surpresa reflete o comportamento de alimentos", disse. Ele afirmou, no entanto, que a desinflação não se restringe aos alimentos, mas é disseminada por outros itens, inclusive na área de serviços.
Ao avaliar o cenário prospectivo para a inflação, ele afirmou que a expectativa é de que o IPCA retorne para em torno da meta em 2018 e siga em direção à meta em 2019 e 2020. No RTI, o cenário do BC com taxas de juros e dólar variáveis traz projeções de inflação de 3,2% em 2017, 4,3% em 2018, 4,2% em 2019 e 4,1% em 2020.
Segundo Viana, também existe a tendência de que a diferença entre a inflação de preços livres e administrados diminua ao longo do tempo.
O diretor de Política Econômica enfatizou que a taxa de juros estrutural é ponto de referência para a condução da política monetária pelo BC.
Ele citou um boxe incluído no RTI publicado nesta quinta pelo BC, que mostra que a taxa de juros estrutural do País é uma taxa acima da qual as taxas de juros reais exercem efeitos contracionistas, e abaixo da qual as taxas de juros reais tendem a elevar a inflação. "Reformas e ajustes na economia contribuem para a redução dessa taxa ao longo do tempo", completou, citando as medidas fiscais e de crédito tomadas e propostas pelo governo.
Carlos Viana de Carvalho disse que o RTI trouxe as projeções para o IPCA nos anos de 2019 e 2020 para "honrar um compromisso" feito pelo governo na definição das metas de inflação para esses anos.
"As projeções de 2018 em diante estão bastante centradas em torno da meta", avaliou o diretor.
Para 2018, o cenário de mercado indica que o IPCA ficará em 4,3%. A projeção para o IPCA em 2019 está em 4,2% no cenário de mercado. No caso de 2020, está em 4,1%.
A autarquia persegue meta de inflação de 4,5% em 2018, 4,25% em 2019 e 4,00% em 2020. Em todos os casos, a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.
O diretor de Política Econômica do Banco Central afirmou que a melhoria da projeção para o balanço de pagamentos em 2017 é resultado da balança comercial, que tem registrado resultados positivos.
O BC passou a projetar um déficit em transações correntes de US$ 16,0 bilhões este ano e informou uma primeira projeção de US$ 30,0 bilhões para 2018. A balança comercial, pelas projeções, será superavitária em US$ 61,0 bilhões em 2017 e em US$ 51,0 bilhões em 2018.
"Para o ano que vem, o cenário é de retomada da atividade da atividade econômica", lembrou Viana. "O nível de déficit em conta corrente está bastante baixo, para este ano e o ano que vem."