Economia

BC vê forte queda do PIB no 1º semestre e Selic próxima de limite mínimo

Ata do Copom considera uma recuperação parcial da atividade econômica em maio e junho, após atingir seu menor patamar em abril

Boletim Focus: Mercado estima queda de mais de 5% do PIB brasileiro em 2020 (Cesar Okada/Getty Images)

Boletim Focus: Mercado estima queda de mais de 5% do PIB brasileiro em 2020 (Cesar Okada/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 23 de junho de 2020 às 08h55.

Última atualização em 23 de junho de 2020 às 09h08.

O Banco Central avaliou que a atividade econômica brasileira atingiu o fundo do poço em abril e ressaltou que seu cenário básico considera queda forte do Produto Interno Bruto (PIB) em todo o primeiro semestre, ante avaliação anterior de contração profunda no segundo trimestre.

A mensagem veio em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta terça-feira, na qual o BC também apontou que o país já estaria próximo do limite efetivo mínimo para a taxa básica de juros Selic, a partir do qual novos cortes seriam contraproducentes. Na semana passada, o BC cortou os juros básicos em 0,75 ponto percentual, à nova mínima histórica de 2,25% ao ano.

A nova projeção do BC para o PIB deste ano sairá na quinta-feira, no Relatório Trimestral de Inflação. Em sua última estimativa, feita em março, a autoridade monetária ainda via crescimento zero para a economia em 2020. Já em maio, o BC previu que a contração profunda do PIB ocorreria de abril a junho.

"Dados relativos ao segundo trimestre corroboram a perspectiva de forte contração do PIB no período e sugerem que a atividade atingiu o seu menor patamar em abril, havendo recuperação apenas parcial em maio e junho", disse o BC nesta terça-feira.

"O cenário básico considerado pelo Copom considera uma queda forte do PIB na primeira metade deste ano, seguida de uma recuperação gradual a partir do terceiro trimestre", acrescentou.

Na ata, o BC voltou a afirmar que o impacto da pandemia de coronavírus sobre a economia será desinflacionário e associado a forte aumento do nível de ociosidade dos fatores de produção. Por outro lado, ponderou que os programas de estímulo ao crédito e de auxílio à renda lançados pelo governo podem recompor "parte significativa" da demanda agregada que seria perdida pela crise com o surto de Covid-19.

"Com isso, a recuperação da economia pode ser mais rápida que a sugerida no cenário base", afirmou.

Depois de ter deixado na semana passada a porta aberta para nova redução "residual" da Selic à frente, condicionada à avaliação do cenário, o BC reafirmou a sinalização na ata, pontuando que novas informações sobre a evolução da crise e uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal serão essenciais para definição dos seus próximos passos.

Sobre o limite efetivo mínimo para a Selic, a partir do qual novas reduções não seriam mais eficazes, o BC ponderou que esse limite é dinâmico e tende a ser maior no Brasil pela fragilidade das contas públicas e incerteza quanto ao que acontecerá nesse front no futuro.

"Nesse contexto, já estaríamos próximos do nível a partir do qual reduções adicionais na taxa de juros poderiam ser acompanhadas de instabilidade nos preços de ativos e potencialmente comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos", disse.

Cautela

Sobre os componentes principais do custo de crédito no país, o BC disse que o prêmio por liquidez parece prevalecer, ressaltando que esse conjunto de fatores justifica a cautela na condução da política monetária.

Apesar disso, o BC ressaltou que segue atento a revisões do cenário econômico e de expectativas de inflação, renovando seu compromisso com a meta para a inflação, "que sempre foi e segue sendo o principal objetivo da política monetária".

A meta de inflação este ano é de 4,0% e de 3,75% para 2021, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. No boletim Focus mais recente, a expectativa dos economistas é de uma inflação abaixo dos alvos perseguidos pelo governo, com alta do IPCA de apenas 1,61% em 2020 e de 3% no ano que vem.

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