Ilan Goldfajn: segundo ele, o BC vai trabalhar para aprimorar o relacionamento com o cidadão, propiciar canais de interação (Agência Brasil/Marcelo Camargo)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de novembro de 2016 às 20h14.
Brasília - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, aproveitou nesta terça-feira, 22, o encerramento do II Fórum de Cidadania Financeira para anunciar uma série de ações da instituição na área, que é considerada um dos quatro pilares da agenda da instituição.
"O Banco Central acaba de aprovar sua Política de Relacionamento com o Cidadão e Partes Interessadas, com princípios e diretrizes para o relacionamento com a sociedade, buscando maior consistência e o aprimoramento contínuo desse processo visando ofertar melhores serviços", informou Goldfajn.
Dentro desta política, segundo ele, o BC vai trabalhar para aprimorar o relacionamento com o cidadão, propiciar canais de interação, ampliar a adoção de uma "linguagem cidadã", aumentar o nível de transparência, aprimorar os serviços oferecidos e estimular boas práticas de relacionamento dos bancos com o cidadão.
Goldfajn anunciou ainda a criação do Comitê do Cidadão, composto por técnicos do BC, para tratar de assuntos de interesse do cidadão.
"Com isso, vamos intensificar o foco das nossas decisões aos temas relacionados ao cidadão", disse.
A terceira ação, conforme Goldfajn, é o aperfeiçoamento dos mecanismos de solução de conflitos entre o cidadão e o sistema financeiro.
"Temos acompanhado o número de reclamações de clientes bancários e também o volume de ações judiciais envolvendo consumidores e instituições financeiras, nos diversos tribunais do País", disse Goldfajn.
"Para reduzir esse volume, estamos em tratativas com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para formalização de parceria com intuito de viabilizar a prática da mediação, por meio do sistema digital disponibilizado desde meados deste ano, envolvendo os agentes do mercado", explicou.
Conforme informou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, no fim de outubro, o BC e o CNJ discutem um acordo de cooperação técnica para que conflitos entre clientes e bancos sejam resolvidos pela mediação. Na visão do BC, o acordo pode reduzir litígios envolvendo as instituições e, em consequência, o risco de crédito e o spread bancário.
No evento desta terça, Goldfajn citou ainda o fortalecimento das ouvidorias nos bancos e o lançamento do Portal de Dados Abertos, com informações e bases de dados disponíveis ao cidadão. Goldfajn citou ainda, entre as ações, o sistema de acompanhamento on line de andamento de demandas no BC.
Outra ação listada por Goldfajn é a criação do novo site do Banco Central e a ampliação da inserção da instituição nas redes sociais.
Ele citou ainda ações que "objetivam o aumento do nível de educação financeira do brasileiro" e a implementação de indicadores de cidadania financeira e de avaliações de impacto das atuações do BC. "Pretendemos publicar estudos analíticos sobre impactos de nossas ações", disse Goldfajn.
"Não há inclusão sem conhecimento, sem educação financeira", afirmou. "O desafio primordial é fazer cidadania financeira alcançar toda a população".
Sebrae
O presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Guilherme Afif Domingos, também participou do encerramento do evento, organizado pela instituição e pelo BC. Segundo ele, o grande desafio do Brasil é a inclusão financeira.
"Hoje tivemos uma reunião com presidente do BC para olhar os desafios. Primeiro, os estruturais. Segundo, o conjuntural. (Discutimos) o que podemos fazer para irrigar com capital de giro os pequenos negócios", comentou Afif, em referência a um encontro ocorrido durante a tarde com Goldfajn.
De acordo com Afif, o Sebrae e o Banco Central discutiram a formação de um grupo de trabalho para que, nos próximos seis meses, as instituições possam "dar resposta na criação de organismos para chegar na ponta e atender pequenos" empresários.
"Nosso sistema financeiro é um grande sistema. Na crise de 2008, isso ficou patente. Enquanto o mundo sofreu um abalo forte, o Brasil tinha controle sobre suas instituições. Só que ele é muito concentrado. Hoje os bancos são grandes demais para chegar na ponta para atender o pequeno", comentou Afif.
"Queremos trazer de volta aqueles agentes que sabiam conceder crédito, os antigos gerentes das instituições. Eles serão como 'consultores' para crédito. E o Sebrae vai usar seu fundo de aval para facilitar a concessão de crédito", acrescentou Afif.
Produtos e serviços financeiros
Goldfajn afirmou que o retorno da inflação ao centro da meta contribui para a retomada da confiança e do emprego no Brasil. Segundo ele, a inflação baixa e a estabilidade da economia permitem que o cidadão encontre "produtos financeiros adequados".
"No campo da estabilidade monetária, o retorno a um patamar de inflação baixo e estável, no centro da meta, contribui para a retomada da confiança, do investimento, do emprego e do crescimento econômico sustentável; alonga o horizonte de planejamento das empresas e das famílias; e, entre outros benefícios, fomenta a inclusão social, que leva naturalmente à evolução nos índices de inclusão financeira", disse Goldfajn.
"Combinadas, inflação baixa e estável com estabilidade financeira, tão caras ao Banco Central, permitem que cidadãos economicamente ativos, financeiramente preparados e protegidos possam encontrar produtos e serviços financeiros adequados, em uma economia sólida e próspera", acrescentou durante o discurso no fórum.
Ele lembrou ainda que a missão do BC é "assegurar o poder de compra da moeda e a estabilidade do sistema".
"Ao assegurar um sistema financeiro sólido, o BC permite que sejam oferecidos produtos para cidadão", disse Goldfajn durante o discurso. "Mas não basta que o sistema financeiro seja sólido, é necessário que ele seja eficiente também", acrescentou.