Economia

BC vai colocar a taxa de juros onde precisar, repete diretora

Fernanda Guardado também afirmou que a autarquia não trabalha com um cenário de estagflação no Brasil, muito menos no mundo

Banco Central. (Arquivo/Agência Brasil)

Banco Central. (Arquivo/Agência Brasil)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de novembro de 2021 às 12h58.

A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, repetiu nesta terça-feira que a autoridade monetária vai colocar os juros onde for preciso e refutou a possibilidade de dominância fiscal no Brasil, ironizando que essa discussão está fazendo aniversário, pois aparece todo ano. "Acho muito difícil dizer que BC está passivo acomodando política fiscal. O BC vai colocar a taxa de juros onde precisar. Não aumentar juros por preocupação com dívida não é condizente com nossas ações e independência."

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Fernanda Guardado também afirmou que a autarquia não trabalha com um cenário de estagflação no Brasil, muito menos no mundo. No Brasil, a diretora destacou que o BC tem projeção de crescimento econômico em 2022, com um sustentáculo de nova safra recorde na agropecuária e o setor de serviços encontrando seu novo equilíbrio. "Temos muita dificuldade em ver números negativos para o PIB em 2022", disse.

A última estimativa do BC para o PIB de 2022, de 2,1%, foi divulgada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de setembro. No mercado, a projeção já está abaixo de 1%, em 0,93%, segundo o Boletim Focus.

No mundo, a diretora do BC afirmou que o cenário de estagflação é ainda menos verdadeiro, considerando que todas as projeções de crescimento global no ano que vem são robustas. Ela reconheceu, no entanto, que há incerteza sobre a economia chinesa e que outros países enfrentam desaceleração econômica.

"Há incerteza maior sobre o crescimento global, mas é desaceleração e não recessão", defendeu ela, citando que o mercado tem precificado aumento de juros nos Estados Unidos cada vez mais cedo. "Temos retirada coordenada de estímulos em ambiente já de desaceleração."

A diretora defendeu que a autoridade monetária leva "muito a sério seu mandato" e que tem agido da maneira que acha correta para conter piora de expectativas de inflação e impactos de segunda ordem dos choques sobre os preços. "O que a política monetária pode fazer é o que estamos fazendo, estamos reagindo."

Imprevisibilidade fiscal

A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central afirmou ainda que uma maior imprevisibilidade fiscal pode ter impacto negativo sobre a taxa neutra de juros e, assim, também sobre a taxa nominal. Segundo ela, o BC tem trazido há bastante tempo uma mensagem de perseverar nas reformas, mas defendeu que cabe ao governo e ao sistema político caminhar com essa agenda. "Com ambiente de reformas, teríamos taxa neutra mais baixa."

Destacou, no entanto, que há "rumores positivos", como a fala recente do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) sobre a votação do projeto de lei cambial. "É algo que o BC dá muita importância. É um dos pilares para o acesso do Brasil à OCDE. Existem outros projetos que gostaríamos de ver avançar também. Mas não é parte do nosso mandato", comentou.

A diretora do Banco Central salientou ainda que a Europa, especialmente a Alemanha, a Áustria e o Reino Unido, está ensaiando nova onda de casos de covid-19, embora sem "impactos grandes" nos números de óbitos. "Mas é um risco que o mundo continua sujeito, de novas variantes, ainda mais em um mundo em que há bolsões com ritmo de vacinação abaixo do brasileiro, americano ou europeu."

Fernanda Guardado participou do webinar "O Brasil frente à conjuntura Internacional no pós pandemia", promovido pela Associação e Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro (Aberj).

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