Alimentos: a autoridade monetária defendeu os atuais ajustes fiscais para reverter esse quadro (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2015 às 11h10.
São Paulo - O Banco Central destacou o recente aumento das expectativas de inflação após ter havido certo progresso no processo de convergência, mas avaliou que a elevação ainda é de "pequena magnitude" em meio às percepções pioradas dos agentes econômicos sobre o balanço de risco e trajetória fiscal do país.
"Esses fatos constituem um claro e importante sinal sobre, de um lado, os progressos obtidos com a implementação da estratégia atual de política monetária, mas, de outro lado, sobre as consequências da deterioração no balanço de riscos", disse a autoridade monetária em Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira.
No documento, o próprio BC piorou suas expectativas para a inflação em 2016, pelo cenário de referência, com alta do IPCA de 5,3 por cento, sobre 4,8 por cento no relatório de junho., distanciando do centro da meta --4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Esse cenário levou em conta a taxa de juros básicos de 14,25 por cento ao ano e dólar a 3,90 reais, já distante do atual patamar na casa dos 4,20 reais nesta manhã.
Os mercados estão turbulentos diante das preocupações com a capacidade de o Brasil efetivamente reequilibrar as contas públicas após a perda do selo de bom pagador pela agência de classificação de risco Standard & Poor's.
Para 2015, o BC elevou a perspectiva para a inflação a 9,5 por cento, contra 9,0 por cento anteriormente, vendo, por outro lado, alta do IPCA de 4,0 por cento no terceiro trimestre de 2017.
O BC reiterou ainda que o cenário de convergência para a inflação no fim de 2016 tem se mantido, "apesar de deterioração no balanço de riscos agravada recentemente pelos efeitos do rebaixamento da nota de crédito soberana".
Neste contexto, repetiu que a manutenção da Selic no patamar atual de 14,25 por cento pelo período "suficientemente prolongado" é necessária para o objetivo perseguido, fazendo a ressalva que elevações de prêmios de riscos, com reflexo no preço de ativos, exigem que a política monetária "se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação".
O posicionamento já vinha sendo expresso pelo BC desde o fim de julho, o que fez boa parte do mercado acreditar que só mexeria nos juros no ano que vem --e para baixo-- diante da esperada contribuição da fraqueza econômica para a diminuição da escalada de preços.
No Relatório de Inflação, o BC também ressaltou esse cenário de atividade mais adverso e passou a ver contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7 por cento este ano, sobre queda de 1,1 por cento antes.
Já para o acumulado dos quatro trimestres até o segundo trimestre do ano que vem, a expectativa é de recuo de 2,2 por cento. O rebaixamento do país, afirmou o BC, piorou as expectativas de curto prazo e os custos a médio e longo prazos, aumentando os prêmios de riscos e tornando a recuperação da atividade e da confiança mais lenta.
Assim, a autoridade monetária defendeu os atuais ajustes fiscais para reverter esse quadro.