Economia

BC reforça compromisso com IPCA em 4,5% em 2016

O Banco Central diminuiu levemente sua previsão para a inflação do ano que vem e reforçou diversas vezes que segue comprometido com um IPCA em 4,5%


	Sede do Banco Central: a declaração sugere um aperto mais duro nos juros para concretizar a tarefa
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Sede do Banco Central: a declaração sugere um aperto mais duro nos juros para concretizar a tarefa (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2015 às 17h14.

Brasília - O Banco Central diminuiu levemente sua previsão para a inflação em 2016 e, com o patamar ainda acima da meta, reforçou diversas vezes que segue comprometido com um IPCA em 4,5 por cento até o fim do ano que vem, sugerindo aperto mais duro nos juros para concretizar a tarefa.

"No momento, o nosso trabalho está 200 por cento focado no nosso objetivo de trazer a inflação para 4,5 por cento no final de 2016", disse o diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, assinalando que a autoridade monetária fará "o que for necessário" para tanto.

Mais cedo nesta quarta-feira, o BC apontou em seu Relatório Trimestral de Inflação que passou a ver o IPCA a 4,8 por cento no próximo ano, sobre 4,9 por cento antes, ainda não atingindo os 4,5 por cento perseguidos no centro da meta, que tem margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Em coletiva de imprensa, Awazu reconheceu que os avanços obtidos no combate à alta de preços seguem insuficientes, mas disse que o ceticismo sobre a capacidade do BC de entregar a meta prometida reduziu para os horizontes mais longos.

Ele destacou que as expectativas para 2017 a 2019 já estão ancoradas em 4,5 por cento, ressaltando que o processo de "desinflação" é cada vez mais convergente para o centro da meta no ano que vem apesar da expressiva inflação corrente.

No relatório, o BC repetiu que é necessário "determinação e perseverança" para combater a alta de preços na economia e que a política monetária "deve manter-se vigilante", expressões que também foram ditas por Awazu em vários momentos.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, o Relatório de Inflação reforçou a mensagem que "o BC só vai parar de subir juros quando as suas projeções de inflação apontarem para o centro da meta".

"Pela diferença entre o que está projetado e o centro da meta, me parece que a alta deve ir além da reunião (do Copom) de julho", disse. Para o economista-chefe do Banco J.Safra, Carlos Kawall, a principal conclusão após o discurso de Awazu é que o BC não está querendo "correr riscos no sentido de que se faça uma alta insuficiente pra ancorar as expectativas à frente".

Ele passou a ver alta de 0,5 ponto percentual na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, no fim de julho, ante projeção anterior de 0,25 ponto percentual. Para Kawall, os passos seguintes do BC devem ser guiados por revisões negativas para a economia neste ano, o que deve ocorrer em vista do visível esfriamento da atividade.

"Nas nossas contas, com o PIB (Produto Interno Bruto) por exemplo a -1,5 por cento em 2015 você já chega numa projeção do BC de inflação a 4,5 por cento no ano que vem. Quando chegar na reunião de setembro, acho que o BC já vai estar satisfeito (com o aperto)", disse.

Nesta quarta, o BC piorou sensivelmente suas estimativas para a atividade neste ano, passando a ver contração de 1,1 por cento no PIB ante retração de 0,5 por cento anteriormente, com piora nas expectativas para a indústria e setor de serviços, e para o consumo das famílias e do governo.

NOVOS NÚMEROS

O mercado aguardava a divulgação da expectativa do BC para a inflação em 2016 para calibrar suas expectativas em relação ao ajuste monetário conduzido pelo BC para combater o avanço de preços na economia.

No mercado futuro de juros, os DIs abriram esta sessão em forte alta após a divulgação do relatório, reforçando as apostas de que o atual ciclo deve ser mais intenso. Segundo operadores, as apostas agora mostram que a Selic vai subir a 14,75 por cento ao ano, acima dos 14,50 por cento esperados até a véspera.

No relatório, o BC apontou que vê a inflação no centro da meta apenas no segundo trimestre de 2017. O IPCA surpreendeu em maio ao acelerar a alta a 0,74 por cento, acumulando em 12 meses 8,47 por cento. A prévia para o desempenho do índice em junho continuou mostrando pressão, com o IPCA-15 subindo 0,99 por cento neste mês, a maior alta para junho em quase 20 anos.

Diante do aumento, guiado principalmente pelo reajuste de preços administrados, o BC elevou a Selic em 0,5 ponto percentual no início do mês, a 13,75 por cento ao ano, na quinta alta consecutiva dessa magnitude.

"(O BC) mantém o ciclo de ajuste, possivelmente com mais uma alta de 50 pontos base e aí fica a dúvida se tem mais uma alta de 50 pontos base ou 25 pontos base na outra reunião do Copom", disse o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo.

Para o IPCA em 2015, o BC estimou avanço de 9,0 por cento, superior aos 7,9 por cento de antes e bem próximo ao aumento de 8,97 por cento projetado por economistas de instituições financeiras no último boletim Focus. O BC vê chance de cerca de 99 por cento de a meta não ser cumprida neste ano e de 11 por cento em 2016.

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