Economia: Banco Central praticamente manteve sua visão sobre a inflação, próxima do teto da meta oficial (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2014 às 10h58.
São Paulo/ Brasília - Ao mesmo tempo em que vê a economia crescendo menos neste ano, com retração ainda mais forte dos investimentos, o Banco Central manteve seu cenário de inflação pressionada e próxima do teto da meta oficial, sinalizando que não deve mexer na taxa básica de juros tão cedo.
Para este ano, a autoridade monetária calcula que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro será de 0,7 por cento, ante 1,6 por cento calculado até então, segundo seu Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta segunda-feira.
Uma das principais variáveis para essa piora foi a conta de investimento.
Agora, o BC vê que a Formação Bruta de Capital Fixo vai recuar 6,5 por cento neste ano, sobre a queda de 2,4 por cento calculada antes, "consistente com os resultados do segundo trimestre e com o recuo dos índices de confiança nas sondagens do consumidor e da indústria", explicou o BC.
Para a indústria, o BC vê agora retração de 1,6 por cento, ante 0,4 por cento. Pelo Focus, os economistas consultados pelo BC veem que a economia brasileira como um todo avançará 0,29 por cento neste ano, acelerando a 1,01 por cento em 2015.
Inflação
Para o IPCA, o BC reduziu ligeiramente sua projeção para este ano, com alta de 6,3 por cento pelo cenário de referência, ante 6,4 por cento. A meta oficial é de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O BC vê ainda alta de 5,8 por cento do índice em 2015, um pouco acima da projeção anterior (5,7 por cento), recuando para 5 por cento no terceiro trimestre de 2016.
"O Comitê reafirma sua visão de que, mantidas as condições monetárias --isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária--, a inflação tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção", escreveu o BC no relatório, repetindo a visão que já havia sido colocada em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e que levou boa parte dos especialistas a entender que a autoridade monetária não quer elevar a Selic para não prejudicar a economia.
Depois de adotar um ciclo de aperto monetário que durou um ano e levou a Selic para o atual patamar de 11 por cento ao ano, desde maio passado o BC não mexe na taxa básica de juros.
Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada no dia 11 passado, o BC passou a ver que a inflação não é mais "resistente", mantendo a visão no relatório divulgado mais cedo.
No Focus, a projeção dos agentes é de que o IPCA encerrará este ano a 6,31 por cento e 2015 a 6,30 por cento. A aposta generalizada dos agentes econômicos é de que o BC não muda a taxa de juros pelo menos até o fim de 2014.
Em 12 meses até agosto, último dado disponível, o IPCA havia estourado o teto do objetivo, com alta acumulada de 6,51 por cento.
"Apesar de a inflação ainda se encontrar elevada, pressões inflacionárias ora presentes na economia... tendem a arrefecer ou, até mesmo, a se esgotar ao longo do horizonte relevante para a política monetária. Em prazos mais curtos, some-se a isso o deslocamento do hiato do produto para o campo desinflacionário", afirmou o BC pelo relatório.
As estimativas para a inflação da autoridade monetária levam em conta alta de 5 por cento dos preços administrados em 2014 (mesma previsão do relatório anterior) e de 6 por cento para 2015.
Atualizado às 10h58