BC melhorou sua expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano a 0,7 por cento, contra 0,5 por cento antes (iStock/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 21 de setembro de 2017 às 08h55.
Última atualização em 21 de setembro de 2017 às 10h21.
Brasília - O Banco Central passou a ver a inflação ainda mais abaixo do centro da meta em 2017 e 2018 e rumando em torno dos alvos perseguidos para 2019 a 2020, cálculos que pavimentam o caminho para que continue cortando os juros e eventualmente leve a Selic a um nível inferior a 7 por cento.
No Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, o BC estimou alta do IPCA de 3,2 por cento em 2017 e de 4,3 por cento em 2018 pelo cenário de mercado, abaixo dos patamares de 3,3 e 4,4 por cento vistos no comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no início deste mês.
Neste ano e no próximo, a meta de inflação é de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
"As previsões condicionais de inflação do Banco Central foram muito favoráveis e consistentes com o cumprimento das metas de inflação até 2020", escreveu o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos, vendo consonância com uma Selic de 7 por cento ao fim do ciclo de distensão, com ligeira normalização até 8 por cento em 2019.
"Se o dólar permanecer bem ancorado por volta de 3,10 reais ou se desvalorizar, o BC teria algum espaço para terminar o ciclo com a Selic abaixo de 7 por cento, e/ou levar mais tempo para normalizar a taxa de 7 para 8 por cento, ou elevar a Selic em 2019 em menos de 1 ponto esperado atualmente pelo mercado", acrescentou.
Para 2019, o BC calculou inflação de 4,2 por cento, contra meta oficial de 4,25 por cento, enxergando o IPCA em 4,1 por cento em 2020, para o qual o alvo fixado pelo governo é de 4,0 por cento. Nos dois casos, a banda de tolerância das metas também é de 1,5 ponto percentual.
As contas também consideraram o cenário de mercado apurado pela pesquisa Focus mais recente, que aponta a Selic em 7 por cento ao fim de 2017 e 2018, e em 8 por cento ao fim de 2019 e 2020.
De modo geral, o relatório corroborou mensagem já divulgada mais cedo neste mês, quando o BC cortou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, a 8,25 por cento ao ano, e indicou que vê como adequada uma redução moderada na magnitude de corte nos juros básicos na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em outubro.
No documento desta terça-feira, o BC também repetiu a intenção de encerrar o ciclo de afrouxamento da Selic de maneira gradual.
Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, os cálculos feitos pela autoridade monetária aumentam a chance dos juros básicos encerrarem o ciclo de afrouxamento num nível mais baixo, de 6,5 por cento.
"Eu acho que ele apenas reforça a expectativa que tem espaço para continuar reduzindo a taxa Selic. Pelo menos pelas nossas primeiras avaliações terminar em 7 por cento (neste ano) e, em função de um quadro de que a inflação pode fechar este ano até abaixo dos 3 por cento, eu acho que a queda no ciclo de corte pode adentrar 2018", afirmou.
Na avaliação do economista-sênior do Banco Haitong, Flavio Serrano, as projeções do BC apontam para uma flexibilização confortável da Selic para perto de 7 por cento, patamar que, diante do cenário favorável da inflação, poderia ser mantido por mais tempo.
"Selic terminal ainda está em 7 por cento. Mas eventualmente iria abaixo disso", acrescentou.
Nesta quinta-feira, o IBGE divulgou que nos 12 meses até setembro, o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, ficou em 2,56 por cento, abaixo da expectativa de mercado e do piso da meta de inflação para este ano. [nL2N1M20OI]
O BC pontuou no relatório que o valor mínimo da inflação acumulada em 12 meses será atingido no terceiro trimestre deste ano, em boa medida por uma sequência de choques de alimentos com efeitos favoráveis.
No relatório, o BC também melhorou sua expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano a 0,7 por cento, contra 0,5 por cento antes, e estimou uma alta de 2,2 por cento para a atividade no ano que vem.
Em outra frente, o BC reiterou que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.