Economia

BC projeta IPCA para 2017 no cenário de referência em 4,8%

A margem de tolerância para desvios de rota naquele ano será menor de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo

Cliente em supermercado em São Paulo aprecia os preços com inflação (REUTERS/Nacho Doce)

Cliente em supermercado em São Paulo aprecia os preços com inflação (REUTERS/Nacho Doce)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2015 às 09h12.

Brasília – O Banco Central apresentou nesta quarta-feira, 23, o ponto de partida para, finalmente, cumprir a meta de levar a inflação a 4,5% em 2017. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, o IPCA encerrará 2017 em 4,8% pelo cenário de referência e em 4,9% pelo de mercado. 

É bom lembrar que a margem de tolerância para desvios de rota naquele ano será menor de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo — até 2016, a banda é de 2 pp.

Essa primeira referência sobre o que projeta o BC para o IPCA de aqui a dois anos é que calibrará a confiança dos agentes econômicos nos discursos e na probabilidade de entrega dessa tarefa pela instituição. Neste ano, como já adiantou o presidente Alexandre Tombini, ele terá de escrever uma carta ao Ministério da Fazenda para justificar os motivos que levaram ao descumprimento dessa missão.

Pela abertura do Relatório de Mercado Focus da última segunda-feira, os analistas do setor privado passaram a projetar um aumento da taxa básica Selic, atualmente em 14,25% ao ano, já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Até 15 dias antes, o consenso era o de que a Selic ficaria estável ao longo de todo 2016. Este RTI será fundamental para afinar as apostas.

Pelos discursos mais recentes do BC, a inflação do ano que vem deverá se situar entre o centro de 4,5% e o teto de 6,5%. A deste ano, ficará em dois dígitos. Além de contar com uma forte desinflação em 2016, a instituição também espera uma colaboração da atividade econômica, em recessão, para proporcionar alívio dos preços.

Pelos cálculos da autoridade monetária, o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter queda de 3,6% em 2015 e de 1,9% em 2016. De acordo com a Focus da última segunda-feira, o mercado projeta uma queda de 3,70% para este ano e de 2,80% para o próximo.

O detalhamento do RTI será feito pela primeira vez pelo novo diretor de Política Econômica, Altamir Lopes, às 11 horas. Durante a divulgação do Boletim Regional no início de novembro, ele foi o primeiro a dizer de forma clara que o foco do BC para a convergência da inflação para a meta passou de ser 2017 — até então, a comunicação do BC trazia a expressão "horizonte relevante para a política monetária".

Na última edição do RTI, em setembro, o presidente Tombini surpreendeu a todos ao aparecer de surpresa para a divulgação. No dia da divulgação do RTI do terceiro trimestre, o mercado financeiro estava em polvorosa, ainda sentindo os efeitos do primeiro rebaixamento do Brasil pela agência de classificação Standard & Poors, no dia 9 daquele mês.

O dólar era comercializado a R$ 4,20 e, após o discurso de Tombini, diminuiu a tensão nos negócios naquele dia.

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