Ilan Goldfajn: "para além da política monetária, é importante perseverar e aprovar as reformas fiscais, especialmente a reforma da Previdência (Marcelo Camargo/Reuters)
Reuters
Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 11h03.
Brasília - O Banco Central poderá sempre fornecer hedge a empresas devido às grandes reservas que possui se os mercados não estiverem funcionando bem e se houver problemas de liquidez, destacou nesta terça-feira o presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn.
Em apresentação em inglês feita nas reuniões do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Ilan também afirmou que o BC pode usar suas ferramentas cambiais para evitar volatilidade excessiva ou falta de liquidez dentro do regime de câmbio flutuante, que considera a primeira linha de defesa da economia contra choques externos.
O BC anunciou na noite passada que voltaria a atuar no mercado cambial nesta sessão, com leilões de swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para rolar os contratos que vencem em fevereiro. Com isso, o dólar recuava cerca de 1 por cento sobre o real.
O presidente do BC destacou que a maior parte da dívida corporativa denominada em moeda estrangeira é detida por exportadores, subsidiárias de empresas estrangeiras e/ou já possuem hedge contra a depreciação cambial nos mercados de derivativos.
"Na verdade, apenas 18 por cento dessa dívida não é completamente protegida (representando 3,2 por cento do Produto Interno Bruto)", disse.
O presidente do BC também lembrou que as reservas internacionais do país ultrapassam os 370 bilhões de dólares --ou 20 por cento do PIB-- e servem como um seguro para distorções do mercado.
Após o BC destacar em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que o corte mais intenso na Selic adotado na semana passada ajuda a atividade, Ilan reforçou que a política monetária não é a única ferramenta na mesa.
"Ela complementa outras políticas do governo e reformas estruturais que estão sendo implementadas", disse.
"Para além da política monetária, é importante perseverar e aprovar as reformas fiscais, especialmente a reforma da Previdência, bem como outras reformas para impulsionar a produtividade e criar condições para recuperação econômica sustentável, com inflação baixa e estável", completou.
Sobre os próximos passos do BC, Ilan repetiu que o espaço para afrouxar nos juros foi aberto pela desinflação em curso e pela ancoragem das expectativas.
"Mudanças no novo ritmo e a extensão do ciclo vão continuar dependendo das expectativas e das projeções, assim como dos fatores de risco", disse.