Economia

BC piora projeção de déficit para transações correntes em 2017

Autoridade monetária brasileira passou a projetar um déficit nas transações correntes para 2017 na casa dos 30 bilhões de dólares

Banco Central: autoridade monetária passou a ver saldo positivo de 51 bilhões de dólares para as trocas comerciais no país em 2017 (Arquivo/Exame/EXAME.com/Site Exame)

Banco Central: autoridade monetária passou a ver saldo positivo de 51 bilhões de dólares para as trocas comerciais no país em 2017 (Arquivo/Exame/EXAME.com/Site Exame)

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Reuters

Publicado em 24 de março de 2017 às 11h07.

Última atualização em 24 de março de 2017 às 11h33.

Brasília - O Banco Central piorou nesta sexta-feira sua projeção para o déficit em transações correntes neste ano a 30 bilhões de dólares, sobre 28 bilhões de dólares antes, esperando mais gastos de brasileiros no exterior, conta mais alta em aluguel de equipamentos e remessas mais fortes de lucros para fora do país.

A piora nessas frentes acabou ofuscando a estimativa de resultado melhor para a balança comercial, de saldo positivo de 51 bilhões de dólares, sobre 44 bilhões de dólares antes, mesmo com a operação Carne Fraca tendo afetado, pelo menos por enquanto, as exportações do setor de carnes.

Para o Investimento Direto no País (IDP), o BC não mudou sua projeção de 75 bilhões de dólares.

Na conta de serviços, o destaque ficou com a previsão de mais gastos líquidos em viagens ao exterior (12,5 bilhões de dólares sobre 10,5 bilhões de dólares anteriormente), com o BC também vendo maior gasto com aluguel de equipamentos, a 19,5 dólares, 2 bilhões de dólares a mais.

Já a conta de renda mudou principalmente pela expectativa de remessas mais fortes de lucros e dividendos de multinacionais instaladas no país, indo a 26,5 bilhões de dólares, contra 23,5 bilhões de dólares antes.Caso a previsão do BC para este ano se confirme, o resultado se distanciará ainda mais do déficit em transações correntes de de 23,531 bilhões de dólares de 2016, melhor desempenho desde 2007.

As trocas comerciais vêm sendo beneficiadas pela valorização dos preços das commodities, produtos de peso na pauta brasileira, além da perspectiva de recuperação da economia.

Nem mesmo as repercussões internacionais da operação Carne Fraca, que desvendou esquema de corrupção para abrandar fiscalização em alguns frigoríficos e já levou países a suspenderem a importação da carne brasileira, vai alterar esse cenário, segundo o chefe-adjunto do departamento Econômico do BC, Fernando Rocha.

"O total da nossa projeção para as exportações brasileiras é de 200 bilhões de dólares em 2017, então em termos qualitativos, a projeção não será afetada (pela Carne Fraca)", afirmou ele, acrescentando que no ano passado as exportações do complexo da carne ficaram abaixo de 12 bilhões de dólares.De outro, a saída da recessão estimada para o Brasil em 2017 melhora o cenário, por exemplo, para as viagens feitas para fora do país, para o resultado das companhias e para o consequente lucro remetido ao exterior.

Fevereiro

O BC também divulgou que houve déficit em transações correntes de 935 milhões de dólares em fevereiro, pior que a expectativa de superávit de 400 milhões de dólares, segundo pesquisa Reuters.

Em 12 meses, o déficit foi a 1,24 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

O rombo das contas externas no último mês caiu 51 por cento sobre fevereiro do ano passado, fortemente beneficiado pela balança comercial, que subiu 52 por cento na comparação anual, a 4,378 bilhões de dólares.

O BC informou também que os investimentos diretos no país (IDP) somaram 5,306 bilhões de dólares em fevereiro, acima da projeção de analistas de 4,7 bilhões de dólares.

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