Economia

BC não quer repetir o erro de 2008

Copom decide aumentar os juros em 0,25 ponto percentual e deixa aberta a possibilidade de interromper o ciclo de aperto monetário em agosto

Tombini e Meirelles: o atual presidente do BC não pode repetir o erro do seu antecessor (Reuters)

Tombini e Meirelles: o atual presidente do BC não pode repetir o erro do seu antecessor (Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2011 às 19h28.

São Paulo – A maioria dos analistas reconhece que a atual missão do Banco Central (BC) não é das mais simples. Não se trata simplesmente de trazer a inflação para o centro da meta (4,50%) em 2012, mas de atingir esse alvo sem exagerar nos juros num ambiente de crise lá fora (leia-se Estados Unidos e Europa).

Sim, o risco de os diretores do BC repetirem o erro de 2008 é grande. Para quem não se lembra, apenas 5 dias antes do estouro da crise em 15 de setembro daquele ano – a quebra do Lehman Brothers –, o Comitê de Política Monetária (Copom) tinha elevado os juros básicos pela quarta vez seguida. Pior: só foi reduzir a Selic para incentivar a economia três reuniões depois, em janeiro de 2009.

Na ocasião, o então presidente da instituição, Henrique Meirelles, recebeu inúmeras críticas, que perderam força nos meses seguintes graças à eficiente atuação do governo e do BC para impedir uma forte recessão no Brasil.

Agora, o mundo vive a iminência do estouro de uma nova crise (ou, na verdade, um duplo mergulho na mesma crise) que pode acontecer por causa de calotes na Europa ou – quem diria – nos Estados Unidos.

Não é justo dizer que o Banco Central ignora o cenário internacional. O tema tem sido abordado nas últimas atas do Copom e nos próprios comunicados que saem após cada reunião. Nos encontros de abril e junho, o documento alertava para “o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que envolve o ambiente internacional” e informava que a implementação de ajustes das condições monetárias seria por um "período suficientemente prolongado”.

Nesta quarta-feira (20) à noite, o tom do documento mudou com um recado quase lacônico: “Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% a.a., sem viés.”

Ao retirar a expressão “suficientemente prolongado”, os diretores do Banco Central deixam aberta a possibilidade de interromper o ciclo de alta dos juros na próxima reunião, em 31 de agosto. Até lá, a situação da Europa e dos Estados Unidos estará mais clara para que o Copom possa decidir e, quem sabe, evitar o erro de 2008.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomEstatísticasIndicadores econômicosJurosMercado financeiroSelic

Mais de Economia

Escala 6x1: favorito para presidência da Câmara defende 'ouvir os dois lados'

Alckmin diz que fim da jornada de trabalho 6x1 não é discutida no governo, mas é tendência mundial

Dia dos Solteiros ultrapassa R$ 1 trilhão em vendas na China

No BNDES, mais captação de recursos de China e Europa — e menos insegurança quanto à volta de Trump